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Ecobrutalismo: onde o betão cinzento encontra o verde
O livro Brutalist Plants, de Olivia Broome, celebra o encontro do betão armado das estruturas brutalistas com a bela e singela natureza verdejante das plantas do mundo.
Em tons de verde e cinzento, as fotografias que compõem o livro Brutalist Plants parecem sugerir o que já todos deveríamos saber: as estruturas humanas, por mais duras ou brutas que sejam, e a natureza, bela, podem fundir-se, cruzar-se, e formar um quadro especial, irrepetível. Olivia Broome, autora do livro e da página de Instagram @brutalistplants, sabe-o há muitos anos. “Ter crescido na Suíça, onde existe um legado brutalista considerável, ajudou a cimentar o meu amor [por este estilo arquitectónico]”, lê-se no texto introdutório do livro que lançou pela Hoxton Mini Press, recentemente, e que reúne fotografias de vários autores igualmente apaixonados pelo encontro do betão armado com as plantas.
Brutalist Plants deu os primeiros passos, online, em 2018, fruto de um interesse de Broome pela curadoria de imagens sobre o tema. “Os ângulos cinzentos salientes encontram as frondes verdes e a sua atracção e contraste fascinam-me”, escreve numa das 200 páginas do livro. “Edifícios distópicos contra a natureza, com pouca presença humana. O mundo está parado – as fotografias parecem intemporais.”
Existe algo de datado no brutalismo, que surgiu na década de 1940 e se popularizou nas duas seguintes. Embora típico dessa era, o interesse pela sua estética crua, bruta, sem ornamento, sem revestimento, de linhas geométricas assertivas, ressurgiu na primeira década deste século e promete não esmorecer. As plantas, colocadas sobre as estruturas pela mão de arquitectos ou pela “mão de Deus”, diante do abandono, conferem algo de orgânico, de singelo, à mais impetuosa construção.
Nas imagens do livro sobressaem os muitos jardins verticais, as árvores que irrompem, inesperadamente, do centro de estruturas de cimento armado e o seu contrário, ou seja, as estruturas de betão que surgem, abruptamente, num cenário completamente verde – do qual é exemplo um edifício no Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa, que também integra o livro.
“Vistas em conjunto, as fotografias formam um compêndio visual interessante que nos lembra que a arquitectura não se resume a tijolo e massa”, lê-se no prefácio da obra. “O nosso ambiente construído é uma declaração sobre a humanidade, que se torna infinitamente mais vibrante quando entrelaçada com a natureza.”