Uma terra sem amos
Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.
I. A terra prometida
Semeia no vento o teu caminho
porque o caminho é a tua casa
e de ninguém a terra prometida
II. Em toda a terra
Levante-se a cidade e ande e solte amarras
do rio ao mar em toda a terra
E faça ao largo
o coração apátrida da casa onde morarmos
Miguel Serras Pereira nasceu no Porto em 1949. Licenciado em História. Poeta, ensaísta e tradutor. Recebeu por duas vezes — em 1989 e em 2005 — o Grande Prémio de Tradução da Associação Portuguesa de Tradutores e do PEN Clube, e tem trazido para a língua portuguesa textos traduzidos do francês, espanhol, italiano e inglês. Autor de uma vasta intervenção crítica e ensaística, distribuída por numerosos jornais, revistas, etc., e marcada por um propósito de reflexão libertária e democrática, publicou, nesse âmbito, entre outros, os livros Outra Coisa. Poesia, Psicanálise e Política (1983); Da Língua de Ninguém à Praça da Palavra (1998); O Poema em Branco (1999); e Exercícios de Cidadania (1999). Como poeta, tem assinado igualmente uma vasta intervenção dispersa por várias revistas literárias, colectâneas e antologias. Entre as suas publicações poéticas, destacam-se Corça (1982); Todo o Ano (1990); Trinta Embarcações para Regressar Devagar (1993), O Mar a Bordo do Último Navio (1998). Em 2020 publicou em livro À Tona do Vazio & Reprise. Cinquenta Anos de Poesia de Miguel Serras Pereira, 1969-2019 (Lisboa, Barricada de Livros, 2020; 2.ª ed. em 2022), colectânea à qual se seguiu a dos poemas de A Foz até ao Fundo (Porto, Exclamação, 2023).