O país tornou-se muito mais multicultural e dependente da
mão-de-obra estrangeira, da qual dependem hoje largos
sectores da economia, numa proporção inimaginável há meio
século. No ano em que ocorreu a revolução, o país
contava uns escassos 32.057 imigrantes (0,4% da população),
maioritariamente provenientes de outros países europeus. Em
2022, o número de imigrantes tinha crescido 24 vezes,
fixando-se nos 781.915 cidadãos (7,5% do total de
residentes), segundo o mais recente relatório do
Observatório das Migrações, que aponta para uma clara
preponderância de brasileiros.
Neste período temporal,
o saldo migratório, isto é, a diferença entre
imigrantes que entram e emigrantes que saem, alterou-se
radicalmente:
em 1974, o saldo era claramente positivo em 174,5 milhares
de indivíduos (num “reforço” da população residente que,
logo a seguir à revolução, em 1975, aumentaria para as 347
mil pessoas). Em 2022, e depois de nos anos da
troika o saldo migratório ter atingido valores
negativos, à semelhança do que acontecera na década de
1960, a diferença entre os que saem e os que entram tinha
aumentado para os 86,9 mil indivíduos, isto é, voltou a
haver mais gente a entrar do que a sair.