Afinal, calma: megacidade da Arábia Saudita perde quilómetros e habitantes
Era para ser uma “cidade do futuro” com uma extensão de 170 quilómetros, um dos comboios mais rápidos do mundo e energias renováveis. O projecto é agora reduzido por questões financeiras.
Na Arábia Saudita, está a nascer um projecto que parece ter saído das páginas de um livro de ficção científica. Chama-se The Line e consiste na criação de uma megacidade futurista, Neom, que atravessa o deserto numa extensão de 170 quilómetros. Este é um dos sonhos de Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita, que tem sido criticado pelas suas ideias ambiciosas para a cidade do futuro. E, ao que parece, esta terá de ser reduzida por questões financeiras.
Inicialmente, a cidade ia estender-se em linha recta por 170 quilómetros e deveria acolher nove milhões de pessoas até 2045. Agora, deverá ficar-se por pouco mais do que dois quilómetros construídos até 2030. É um corte e abrandamento significativo do projecto inicial, que pretendia albergar 450 mil pessoas já em 2026. A redução do projecto deve-se à diminuição das reservas de tesouraria da Arábia Saudita, que ainda não aprovou o orçamento global da Neom para 2024, segundo o The Guardian. Vários trabalhadores já começaram a ser dispensados.
Para além dos problemas de financiamento, Mohammed bin Salman está também envolvido em polémicas com a tribo Howeitat, que habita a região. Alegadamente, alguns membros terão sido executados depois de protestarem contra a construção da cidade.
As mudanças de planos do príncipe e os gastos excessivos na elaboração projecto levaram a que alguns trabalhadores descrevessem o projecto The Line como algo “desligado da realidade”.
O empreendimento era vendido como o “melhor sítio para viver, em todo o planeta”. De acordo com os planos, a energia da cidade seria totalmente limpa, baseada na energia solar e eólica. Neom teria também um dos comboios mais rápidos do mundo, que atravessaria a megacidade em 20 minutos.
Para Mohammed bin Salam, a cidade seria “uma resposta aos desafios que a humanidade enfrenta na vida urbana de hoje”, recorrendo à inteligência artificial para assegurar as melhores condições.
Texto editado por Inês Chaíça