Venâncio Mondlane acusa Comissão Política da Renamo de o querer “excluir” da corrida à liderança
Numa carta aberta enviada este fim-de-semana, o ex-candidato à autarquia de Maputo, afirma que a proposta de perfil de candidato à presidência viola os estatutos do partido.
O deputado da Renamo Venâncio Mondlane exigiu este fim-de-semana que o Conselho Nacional da Renamo reprove a proposta de perfil de candidato à presidência do partido, que lidera a oposição em Moçambique, apresentada pela Comissão Política, por considerar que viola os estatutos.
“O perfil não foi feito de forma objectiva e imparcial, pois, visa especificamente excluir uma pessoa em concreto, o que fere com os princípios mais elementares da técnica normativa que impõe que as normas devem ser gerais e abstractas”, refere Venâncio Mondlane, numa carta aberta aos membros do Conselho Nacional da Renamo.
Em causa está a reunião do Conselho Nacional da Renamo deste domingo, em Maputo, um encontro que antecede o Congresso electivo, que se realiza a 15 e 16 de Maio, para escolher o candidato à presidência nas eleições de 7 de Outubro.
Segundo Mondlane, membro do partido desde 2018, a Comissão Política da Renamo propôs, entre vários requisitos, que os membros do partido que queiram candidatar-se tenham pelo menos 15 anos de militância.
“Um detalhe muito interessante nesta proposta de perfil é que de todos os cargos já exercidos, propositadamente não se colocou nenhum cargo exercido por Venâncio Mondlane (…) É um perfil que sinaliza para a sociedade que se pretende uma Renamo divorciada da juventude, insensível à evolução social e histórica e que rejeita as últimas palavras do histórico líder [Afonso Dhlakama], quando dizia que no futuro a Renamo deveria ser liderada por jovens”, frisou.
O deputado também acusa o partido de violar os estatutos no que se refere ao tempo mínimo exigido para a convocação da reunião do Conselho Nacional.
Venâncio Mondlane, que já foi assessor do presidente do partido, Ossufo Momade, e mandatário nacional, pede também que o Conselho Nacional exija o relatório financeiro do partido nos últimos cinco anos, queixando-se novamente de perseguição a membros que estão a questionar o rumo da principal força de oposição em Moçambique.
“No partido nunca se havia registado uma escalada de perseguições como a desta última legislatura. Agressões físicas brutais, sequestro, cárcere privado e torturas, como a registada na ilha de Moçambique e em Nacala, exonerações em massa para todos os que supostamente não alinhavam com a linha da liderança”, acrescentou.
A Renamo é liderada por Ossufo Momade desde a morte de Afonso Dhlakama, em Maio de 2018, mas o mandato dos órgãos do partido expirou a 17 de Janeiro. Ainda assim, na altura, o porta-voz do partido, José Manteigas, apontou Momade como candidato da Renamo ao cargo de Presidente da República.
Três militantes já anunciaram que pretendem disputar a liderança: Venâncio Mondlane, deputado e ex-candidato à autarquia de Maputo, Elias Dhlakama, irmão do líder histórico do partido, e o ex-deputado Juliano Picardo.
O autarca de Quelimane, Manuel de Araújo, disse estar a estudar essa possibilidade.