Hotel Palace: Polanski acaba com o século XX — sem esperanças para o século XXI
É um filme que se constrói no silêncio gelado das plateias, que manda o espectador para casa com um frio existencial nos ossos.
Não há nada de sibilino no cinema de Roman Polanski. Pelo contrário, ali é sempre clara, evidente a brutalidade, a grosseria do mundo. Eis então o plano, às tantas em O Hotel Palace, em que a sala que serve de cofre-forte num hotel, e onde uma troupe vigarista do luxo de pechisbeque negoceia com o manager a guarda das suas posses, é enquadrada como se fosse um cenário que sobreviveu para contar o século XX: não parece aquilo a câmara de gás de um campo de concentração? É um curto-circuito, sobreposição mental de imagens, promovido por Polanski.
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