Não há uma regra que dite a frequência com que o cabelo deve ser cortado. No entanto, dependendo do tipo de corte que se tem e daquele que se deseja, do tamanho, da força do cabelo e da saúde capilar, é possível estabelecer uma rotina personalizada de idas ao cabeleireiro que permita prolongar a saúde e a estrutura dos fios.
“O cabelo cresce em média um centímetro por mês, em contrapartida, é lavado, escovado, seco, preso, atado, esticado, encaracolado, exposto ao vento, sol, chuva, mar, etc., quase diariamente!”, descreve Rute Ricardo, formadora da Jean Louis David e The Barber Company, acrescentando que é importante recorrer ao cabeleireiro de vez em quando, de modo a restabelecer a saúde capilar.
Mas, de quanto em quanto tempo? O período entre cortes depende de algumas variáveis como a qualidade da fibra, dentro da qual, se tomam em consideração a textura, a condição natural do cabelo, as rotinas de styling e a utilização de fontes de calor, enumera Feliciano Ferreira, hairstylist da marca Redken. Além disso, é necessário entender o objetivo do cliente, se quer manter o comprimento ou deixar crescer.
Cabelo curto
Um corte de cabelo mais curto necessita de maior manutenção. Assim, para quem quer manter um estilo de cabelo mais curto, como o famoso corte bob, deverá ter em conta que o crescimento dos fios será facilmente notado em poucos meses e o formato do corte também mudará. “Tudo depende do corte que desejamos, três meses depois de fazer um corte, a linha, a forma já não esta definida, a texturização ou efilagem já se perdeu”, refere Rute Ricardo, ressaltando que um cabelo mais curto e estilizado requer mais idas ao cabeleireiro de modo a manter o corte e o formato. A recomendação é, então, de aparar o cabelo entre três a sete semanas, informa Richard Collins, cabeleireiro de celebridades como Selena Gomez e Ashley Tisdale, num artigo da L'Oréal Paris, que acrescenta ainda que dependerá do estilo do corte (se recto ou escadeado).
Cabelo médio
Apesar de ser necessário olhar para outros factores como a textura e o tempo de crescimento de um cabelo de comprimento médio para poder definir a frequência com que deve ser aparado, Irinel De León, embaixadora global do estilo na Dyson, citada pela Vogue, recomenda que seja aparado a cada 12 semanas aproximadamente. No entanto, se o cabelo estiver hidratado e não aparentar danos, estes três meses poderão ser prolongados.
Cabelo longo
Tal como os cortes de cabelo de comprimento médio, definir a periodicidade dos cortes mais longos implica tomar atenção a outras características dos fios. Assim, se o formato do cabelo for mais uniforme ou se os fios forem mais fortes, as pontas poderão ser aparadas a cada três ou quatro meses. No entanto, se o cabelo estiver escadeado ou se for mais fino, a recomendação é de apará-lo a cada dois ou três meses, de modo a evitar pontas soltas. De modo geral, para manter este comprimento, quatro vezes ao ano é o indicado, afirma Tanya Abriol, a cabeleireira de Kate Hudson e Gwyneth Paltrow, ao site Byrdie, referido pela L’Oréal.
Além do comprimento, Rute Ricardo sublinha outras três características do cabelo que se devem ter em conta: a espessura (cabelo fino, médio e grosso), a densidade (pouco cabelo, média densidade ou muito cabelo) e a forma (liso, ondulado ou encaracolado).
Espessura e densidade
Sabe-se que quanto mais finos os fios de cabelo, maiores os danos que sofrem com a exposição diária a factores mecânicos, como o calor; e a factores ambientais. Por isso, recomenda-se uma rotina de corte mais regular. O mesmo aplica-se a cabelos com coloração, madeixas ou outro tipo de químicos.
Refere a Vogue que quer Rodney Cutler, embaixador da Redken, quer Laura Polko, cabeleireira de celebridades como Gigi e Bella Hadid, Emma Roberts e Adriana Lima, concordam que os cabelos mais espessos têm uma maior longevidade sem aparar, dado que suportam mais facilmente o calor e a descoloração. Assim, a recomendação é apará-lo em intervalos de oito a 12 semanas.
Quanto à forma e textura
Apesar de ser necessária uma análise caso a caso por um profissional capaz de determinar o diagnóstico dos fios, Feliciano Ferreira diz ao PÚBLICO que os cabelos encaracolados tendem a ser mais secos e com uma maior propensão a frizz, ao contrário dos cabelos lisos, que naturalmente são menos secos e mais disciplinados.
Porém, por terem geralmente uma natureza mais espessa, os caracóis aguentam mais tempo sem aparar. Deste modo, o segredo para caracóis saudáveis e definidos é apará-los preferencialmente a cada seis a oito semanas, para assegurar que mantêm a forma, não deixando ultrapassar as 12 semanas sob perigo de começarem a danificar-se.
Aparar ou cortar?
Refere De León que aparar as pontas ou cortar o cabelo acarreta vários benefícios tais como a promoção do crescimento capilar, o fortalecimento do cabelo e a prevenção da secagem e da quebra dos fios. Clarifica também que este “aparar de pontinhas” se refere ao corte de três a cinco centímetros de cabelo, enquanto o corte propriamente dito implica um maior comprimento a ser decepado.
Já Polko, em declarações à Vogue, explica que aparar é mais indicado para resolver o problema das pontas soltas e da quebra do cabelo, podendo ainda ajudar com cabelos mais secos ou que estão a perder o formato. Por outro lado, um cabelo que se aparenta mais flácido ou que fica facilmente emaranhado poderá precisar mesmo de um corte.
Que sinais indicam que é necessário cortar ou aparar o cabelo?
Existem vários sinais facilmente detectáveis pelos profissionais de que o cabelo pode estar a precisar de um corte. Contudo, os mais evidentes e fáceis de perceber em casa são:
- As pontas duplas, brancas e/ou quebradiças;
- Fios mais rijos na zona das pontas;
- Caracóis que já não encaracolam;
- Pontas sem brilho.
Quando o cabelo está já muito danificado, os profissionais sugerem frequentemente optar pelo corte e não pela aparagem. Isto porque o cabelo danificado é dificilmente recuperado, pelo que o mais viável é cortar a parte danificada para que possa voltar a crescer de forma saudável com o acompanhamento de várias aparagens ao longo do processo de crescimento.
Como prevenir danos entre idas ao cabeleireiro?
Feliciano Ferreira recomenda uma reposição de proteína, hidratação e nutrição que deverão ser adaptadas segundo o diagnóstico de um profissional. E sugere a utilização de protecção térmica (se utilizar fontes de calor como secador ou escova de alisamento), produtos com agentes condicionantes e alguns silicones para ajudar na preservação do cabelo. Rute Ricardo aponta ainda que o styling (a estilização do cabelo com recurso a produtos como cremes, espumas ou sprays) pode trazer um cuidado extra ao visual e ao corte.
Texto editado por Bárbara Wong