Das águas de Março para o prato: eventos gastronómicos a saborear este mês
Da lezíria ao Minho, honra-se a época do sável e da lampreia. Mas o roteiro também se faz de enguia e muito sabor a mar.
Do Centro ao Minho, lampreia
É ciclóstomo para levar os apreciadores a fazerem os quilómetros que forem precisos. Para eles, não há notícia mais saborosa do que a abertura da época da lampreia, a dar luz verde para encontros pelo país. Este ano, a ementa vem marcada pela escassez, mas nem por isso os pratos ficam vazios.
Se Penacova teve de cancelar o seu festival, não muito longe dali, em Montemor-o-Velho, a iguaria do Mondego não só vai à mesa como se faz acompanhar por outro produto típico da região: o arroz carolino. Durante todo o mês de Março, o 22.º Festival do Arroz e da Lampreia - Sabores do Campo e do Rio é servido nos restaurantes aderentes.
Mais a Norte, a Lampreia do Rio Minho - Um Prato de Excelência tem lugar marcado numa centena de estabelecimentos de seis municípios: Caminha, Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira. Esta iniciativa promovida pela Adriminho - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado do Vale do Minho vai na sua 15.ª edição, que começou em meados de Fevereiro e só terminará a 15 de Abril, sempre aos fins-de-semana.
Em ensopado, à bordalesa, de escabeche, recheada, assada no forno, na brasa, de estrolho ou em sushi, a lampreia é também pretexto para exposições, enoturismo, espectáculos, passeios, caminhadas, visitas ao património e outras actividades.
Sável em Vila Franca de Xira
Em Vila Franca de Xira o peixe do rio é rei, com reinado estendido até dia 31. Março, Mês do Sável infiltra-se em 32 estabelecimentos, para prestar vénias à tradição varina e avieira que está nos pergaminhos da cidade ribatejana.
Para quem gosta de aprender a fazer, vale a pena espreitar como decorreram as sessões de show cooking nos mercados municipais, onde José Maria Lino cozinhou arroz de sável com as ovas e Luís Machado confeccionou trouxas de açorda de ovas com pipocas de sável. Tudo com a sugestão do vinho municipal Encostas de Xira a regar o repasto.
Salvaterra e seus eirós
Frita ou em caldeirada, grelhada ou em ensopado, escalada ou em migas, em espetada ou cataplana, a enguia tem honras de ingrediente principal em Salvaterra de Magos, onde o maior tempero é a tradição. Até 31 de Março, está posta a mesa para a 28.ª edição do Mês da Enguia, em 17 restaurantes que se prontificam a mostrar “os saberes e sabores do concelho, desde as receitas mais tradicionais às mais inovadoras”, assegura a autarquia.
A festa é gastronómica, mas não se esgota nas ementas. A ela juntam-se 12 unidades de alojamento, quatro chancelas de vinhos e licores, e dois operadores de passeios de barco no Tejo, sem esquecer os cerca de 100 artesãos e produtores reunidos na Feira Nacional de Artesanato e Produtos Tradicionais.
Quem lá for por estes dias também pode contar com concertos (de Luís Trigacheiro e Buba Espinho, por exemplo), exposições, teatro, bailes, um passeio de bicicletas antigas e outro de motos clássicas, demonstrações desportivas, torneios, espectáculos para crianças, workshops, a comédia stand-up de Eduardo Madeira, magia, caminhadas e corridas, entre outras animações.
Esposende num mar de sabores
Depois de ter ido ao Cávado alimentar uma quinzena cheia de Lampreia & Companhia, Esposende vira-se para a costa Atlântica e mergulha a fundo em Março com Sabores do Mar, todo um mês de exaltação da gastronomia do concelho, em que “o pescado mais fresco é a matéria-prima elementar”, garante a autarquia organizadora, sem esquecer a harmonização com outros produtos locais, como pão, doçaria ou vinhos.
É uma edição especial: a iniciativa celebra 25 anos. Dessas bodas vem o slogan do ano: Sabores de Prata Que Valem Ouro. São sabores a provar num total de 48 restaurantes, 14 deles a disputarem um concurso gastronómico.
Os palatos mais tradicionais hão-de apreciar um bom peixe grelhado, arroz de tamboril, lombo de atum, polvo à lagareiro, espetada de lulas, lampreia à bordalesa, bacalhaus vários e muito marisco; os mais audazes podem contar com combinações como pregado com arroz de algas; robalo selvagem dourado com caju crocante em molho de tomate e gengibre; ou polvo grelhado com puré de batata-doce, bimis e amêndoa tostada.
À margem do prato, a prata da casa revela-se num vasto programa paralelo que inclui actividades comunitárias (caso da exposição O Meu Avental Conta Uma História do Mar), o alerta geral contra o desperdício alimentar Leva-me Contigo, o Fórum de Gastronomia Atlântica (com os chefs Pedro Mendes, Álvaro Costa e outros), a “cozinha viajante” Street Fish Food e concursos entre jovens cozinheiros e cantinas escolares.
Espraia-se também, mais uma vez, ao online, seja através da rubrica Monólogos da Cozinha, seja pela campanha pela sustentabilidade Salvar o Planeta à Mesa ou a experimentar uma novidade petisqueira chamada Snack Mar. E o convite não se esgota nas águas de Março: Esposende, o Robalo Está Aqui vem logo a seguir, para ficar durante todo o mês de Abril.