Quantas orquídeas selvagens se encontram na Fonte Benémola?

Na Fonte Benémola, uma área protegida em Querença (Loulé), estão inventariadas “cerca de 500 espécies de plantas”, incluindo 20 espécies de orquídeas selvagens, em floração nesta altura.

Trilha fonte da benémola com João Ministro, Director Geral e sócio fundador da Proactivetur.
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A Fonte Benémola é um dos melhores locais para observar orquídeas selvagens Duarte Drago
Trilha fonte da benémola com João Ministro, Director Geral e sócio fundador da Proactivetur.
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João Ministro, da Proactivetur, a fotografar uma "Aceras anthropophorum", ou "erva-do-homem-enforcado" Duarte Drago
Trilha fonte da benémola com João Ministro, Director Geral e sócio fundador da Proactivetur.
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Na Fonte Benémola existem "cerca de 20 espécies de orquídeas” Duarte Drago
Trilha fonte da benémola com João Ministro, Director Geral e sócio fundador da Proactivetur.
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O trilho acompanha a ribeira e as várias nascentes da Fonte Benémola, ao longo de 4km Duarte Drago
Trilha fonte da benémola com João Ministro, Director Geral e sócio fundador da Proactivetur.
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A ribeira alimenta várias levadas antigas que levavam água aos campos agrícolas Duarte Drago
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É uma questão de calibrarmos o olhar e caminharmos atentos para, de repente, começarmos a ver despontar nas beiras dos caminhos minúsculas e delicadas orquídeas selvagens, muito pequeninas, das mais extraordinárias cores e formatos. Nesta altura, estão em explosão nos campos, e o trilho ao longo da Fonte Benémola, próximo de Querença, Loulé, é um dos melhores locais para as observar, dada a quantidade e diversidade em tão curto percurso.

“Só aqui temos quatro espécies diferentes”, aponta João Ministro, da Proactivetur. Ali, novelos de pétalas que lembram pequenos “homens-nus” ou “macaquinhos” (Orchis italica). Acolá, espigas de erva-do-homem-enforcado (Aceras anthropophorum), porque “parecem [ter] um homenzinho lá dentro pendurado pelo pescoço”.

Depois, muitas que “aperfeiçoaram a técnica de simular insectos” e que “inclusivamente libertam feromonas para atrair insectos específicos para fazerem a polinização”, como a Ophrys fusca, também conhecida como moscardo-fusco, ou a Ophrys lutea, a erva-vespa.

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Na Fonte Benémola encontram-se "cerca de 20 espécies de orquídeas" Duarte Drago
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"Orchis italica", também conhecida como orquídea-homem-nu ou flor-dos-macaquinhos-pendurados Duarte Drago

Na Fonte Benémola, uma área protegida de âmbito local, estão inventariadas “cerca de 500 espécies de plantas”, “entre as quais cerca de 20 espécies de orquídeas”, sublinha João. “Tomilhos, narcisos, várias estevas e espécies de carvalhos. E depois tem muita passarada, que é outra coisa muito interessante neste vale”, resume, antes de chamar a atenção para o canto da carriça, uma ave pequena e discreta, de penas castanhas, que tem no canto “fortíssimo e melodioso” a “sua magia”.

Água abundante

Com pouco mais de quatro quilómetros, este foi um “dos primeiros percursos sinalizados no Algarve” e por ser pequeno, circular, fácil e “muito rico do ponto de vista da natureza”, é também um dos “mais populares” da região, ideal para famílias. Ao chegarmos, fazemos um pequeno desvio ao trilho marcado para acompanhar parte de uma das levadas que, aproveitando a abundância de água no vale, a canalizava para os campos agrícolas, a maioria entretanto abandonados. “Ainda há uma pessoa que utiliza isto”, conta o guia.

“Há quem diga que este canal tem mais de 100 anos. E a junta de freguesia tem um documento muito antigo onde dizia exactamente em que dias e horas os vários donos dos terrenos podiam utilizar a água.” É “quase uma ribeira dentro de outra ribeira” porque “ele próprio tem muita vida”, com pequenos peixes e lagostins. A levada encontra a ribeira de Menalva junto a um açude antigo, “dos bem-feitos, porque está desnivelado e em pedras”, que “há muito tempo” João não via com tanta água. “Normalmente dá para atravessar a pé.”

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As chuvas da semana anterior encheram de vida os recantos da Fonte Benémola, localizada sobre o aquífero de Querença-Silves que abastece grande parte da região, mas as nascentes, um pouco mais à frente, nunca chegam a secar completamente. “Isto é o habitat da lontra. Já as vi aqui uma ou duas vezes e, às vezes, vêem-se os dejectos.” Atravessamos a ribeira e aí o caminho torna-se mais primitivo, a subir do barrocal à serra.

A distância não é grande, mas uma falha geológica permite colocar as duas paisagens lado a lado. À direita, os calcários do barrocal, rochas sedimentares que permitem a infiltração da chuva e se cobrem de solos alcalinos, com “muitas alfarrobeiras, oliveiras, amendoeiras, alecrim, carrascos...”. À esquerda, os xistos e grauvaques da serra, com solos ácidos onde predominam as estevas, o tojo e surgem os sobreiros. E outras espécies de orquídeas, como a Ophrys tenthredinifera e as serapias.

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