Mazda2 Hybrid: o desafio de tentar ser diferente

O citadino híbrido da Mazda partilha a plataforma com o Toyota Yaris, mas procura distinguir-se pelos detalhes de design e pacotes de equipamento. Chega a Portugal a partir de 26 mil euros.

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Mazda2 Hybrid 2024 na versão Homura Plus, a mais equipada Mazda DR
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À primeira vista são irmãos gémeos, já se são falsos ou verdadeiros depende da acuidade visual de cada um. É mais o que os une do que aquilo que os separa: são feitos na mesma fábrica em França, têm a mesma plataforma tecnológica, forma e funcionalidades. A nova geração do Mazda2 Hybrid é em tudo idêntica à do Toyota Yaris, que fomos conhecer há um mês nos arredores de Barcelona, a mesma zona onde estivemos na semana passada na apresentação europeia do híbrido citadino da Mazda.

A parceria nipónica é antiga, ambas as marcas partilham tecnologia, infra-estrutura e logística, mas encontram-se em níveis de popularidade muito distintos. A Toyota é o maior construtor mundial de automóveis, com mais de 11 milhões de unidades vendidas no ano passado; a Mazda produziu 1,5 milhões. Se os dois híbridos são idênticos, porquê optar pelo Mazda?

Luís Morais, director da Mazda Portugal, explicou à Fugas que a ambição da marca não é a produção em volume, mas o carácter distintivo dos automóveis. A marca vende pouco em Portugal (representa cerca de 2% da quota de mercado no segmento B) e a expectativa é de que este Mazda2 Hybrid 2024 (o primeiro foi conhecido há pouco mais de dois anos) venda em Portugal cerca de 500 unidades, ou seja, o dobro do número de veículos vendidos no ano passado no país.

Para tal, explica-nos Luís Morais, a Mazda aposta em detalhes distintivos no design e nos níveis de equipamento oferecidos nas diferentes versões — que nunca coincidem com o Yaris. E também com a lealdade do “cliente Mazda”, masculino e com um pouco mais de poder de comprar — o Mazda2 Hybrid é mais caro do que o Yaris equivalente — que valoriza o carácter distinto da marca.

Em conversa com os jornalistas portugueses, Jo Stenuit, responsável de design da Mazda na Europa, explicou o desafio que foi casar a simplicidade e eficiência com a redução de custos: com todos os elementos técnicos do Mazda e do Yaris no mesmo sítio para evitar custos (e novos testes), a preocupação foi desenhar elementos distintivos, nomeadamente a grelha da frente, onde encontramos a diferença mais visível entre os dois citadinos.

A grelha frontal é o elemento mais distintivo do Mazda2, comparativamente com o Toyota Yaris Mazda DR
Traseira do Mazda2 Hybrid 2024 Mazda DR
Mazda2 Hybrid 2024 é a proposta da marca para o segmento B Mazda DR
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A grelha frontal é o elemento mais distintivo do Mazda2, comparativamente com o Toyota Yaris Mazda DR

Condução fácil e económica

O Mazda2 Hybrid é um carro muito completo e equilibrado. Com preços a começar nos 26 mil euros em Portugal (Prime-Line), vai até quase aos 34 mil na versão mais equipada (Homura Plus). No contexto dos preços praticados no mercado luso, não nos pareceu um carro caro para o que oferece: condução fácil e flexível, baixos consumos e usabilidade em linha com as exigências do público-alvo, em particular o mais jovem.

No nosso teste nos arredores de Barcelona, fizemos um consumo médio de 4,1 litros aos 100, tendo usado o motor eléctrico 62% do tempo. A tecnologia híbrida “simples” — que não exige ligação à tomada eléctrica, digamos assim — utiliza o poder de regeneração da travagem e a energia gerada pelo motor de 1500 de cilindrada a gasolina para carregar a bateria, que é pequena e permite apenas alguns minutos em modo exclusivamente eléctrico. Mas a alternância entre motor eléctrico e de combustão acontece sempre sem sobressaltos, auxiliada pela caixa CVT (de variação contínua).

Esta transmissão não proporciona uma condução excitante, mas é muito eficaz e suave. E é o que se espera de um citadino que vai dos 0 aos 100 km/h em menos de 10 segundos e atinge a velocidade máxima de 175 km/h. Não era de prever que fosse um carro para loucuras, mas foi com agrado que testemunhámos o bom comportamento em curva no teste que fizemos em estrada de montanha.

A visibilidade dianteira e traseira é boa. A versão Homura Plus tem tecto panorâmico e um ecrã multimédia com 10,5 polegadas Mazda DR
Os comandos no volante são funcionais. O sistema de climatização automático de duas zonas também é controlado por botões físicos Mazda DR
A caixa de variação contínua proporciona uma condução suave. Além de portas USB-C, possui bandeja de carregamento sem fios Mazda DR
Detalhe do motor de 1500cc a gasolina. A conjugação com o motor eléctrico permite consumos médios em torno dos 4l/100 km Mazda DR
A bagageira é adequada para o dia-a-dia e para uma viagem de fim-de-semana Mazda DR
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A visibilidade dianteira e traseira é boa. A versão Homura Plus tem tecto panorâmico e um ecrã multimédia com 10,5 polegadas Mazda DR

O binómio motor a combustão/eléctrico permite que não se perca o dinamismo, com o carro a aguentar bem as curvas mais apertadas. A gestão entre os dois tipos de energia foi um aspecto muito positivo, mas também todo o pacote de ajudas à condução, muito completo, que inclui um sistema de detecção de obstáculos e a travagem automática. Outro que nos pareceu relevante foi o sistema head-up display, que projecta informação à frente, na linha de visão do condutor, nomeadamente a velocidade, carga eléctrica e direcções.

A Mazda apresentou as versões mais apetrechadas (Homura e Homura Plus), ambas bem construídas, com muitos espaços de arrumação, atenção aos detalhes e às necessidades práticas destes dias: carregamento sem fios para o telemóvel, portas USB-C, bancos aquecidos, controlo de velocidade adaptativo, ar condicionado automático — tudo controlado por botões físicos. Os ecrãs multimédia têm um tamanho generoso — 9 ou 10,5 polegadas — e estão preparados para ligação Android Auto ou CarPlay. A versão mais apetrechada tem ainda um sistema de som com seis colunas, que não passa de decente.

Os níveis de equipamento são muito completos e estão em linha com o objectivo da marca japonesa de ter no portefólio um carro económico, prático e confortável, não só para os clientes que lhe são leais, mas procurando também ser uma opção para outros — e mais jovens. As opções de design são sempre discutíveis, mas é certo que esta parceria com a Toyota é uma aposta que tem tudo para ser bem-sucedida.

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