Primeira edição do Belém Soundcheck, ‘o que há num nome?’

Entre esta quinta-feira e domingo, o CCB recebe o festival bienal que ocupa o lugar deixado pelo Dias da Música.

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Il Giardino Armonico numa interpretação da oratória A Ressurreição, de Handel, com a Filarmónica de Cracóvia (2010) mrug / wikicommons images
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A pergunta é de Shakespeare, autor a partir do qual Maria João, a voz camaleónica do jazz português, e João Farinha edificaram Songs for Shakespeare que poderão ser ouvidas, com arranjos orquestrais da compositora Sara Ross, no primeiro dia do Belém Soundcheck, que desta quinta-feira a domingo transforma (o Centro Cultural de) Belém num grande ensaio ou teste de som.

A resposta é que Belém Soundcheck, o novo festival bienal que ocupa o lugar deixado pelo Dias da Música (a última edição, em 2019, tinha Shakespeare como tema), “reafirma a identidade plural” dos 30 anos de actividade do CCB numa “programação para todos os públicos”.

Correspondences, a perfomance que junta Patti Smith e Soundwalk Collective, cabeças de cartaz desta primeira edição do festival e que foram capa do suplemento Ípsilon do PÚBLICO, está esgotada, mas há mais música para descobrir. Desde logo, Amaro Freitas e o seu mais recente álbum, Y’Y, apresentado sexta-feira, às 22h00, no Pequeno Auditório. Depois de Sangue Negro (2016), Rasif (2018) e Sankofa (2021), o compositor e pianista do estado de Pernambuco continua a explorar narrativas esquecidas, levando o jazz desta vez pelo norte do Brasil, pelos seus rios e florestas, em especial da Amazónia, combinando ritmos e géneros tradicionais nordestinos (como o baião) com uma abordagem urbana que lembra o piano preparado de John Cage.

No plano da música erudita, além do concerto de Gidon Kremer e da Kremerata Baltica, no domingo, às 17h00, que contará com o jovem solista Georgijs Osokins na interpretação do Concerto nº 2 de Frédéric Chopin, será possível ouvir ainda Il Giardino Armonico. Conhecido pela sua abordagem historicamente informada e em instrumentos de época, o agrupamento fundado e liderado pelo maestro Giovanni Antonini apresentará nesta sexta-feira, às 20h00, um programa maioritariamente ligado ao barroco italiano. Destaque-se o Concerto em Ré menor de Leonardo Leo e o Concerto em Lá menor de Antonio Vivaldi, com o solista italiano Giovanni Sollima. O violoncelista é também compositor e autor da Passa Calle XXI com que se encerra o programa, estabelecendo uma ponte entre a música antiga e a contemporânea.

Fazendo jus ao objectivo de “uma programação para todos os públicos”, o festival apresenta três concertos com recursos de acessibilidade para pessoas com necessidades específicas, com audiodescrição, interpretação em Língua Gestual Portuguesa e coletes de vibração para pessoas surdas.

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