Na terra de Catarina Eufémia, elas resistem. “Se não falarmos, somos comidas pelo Alentejo”

Este ano, assinalam-se os 70 anos da morte de Catarina Eufémia, um símbolo do Alentejo. Que herança ficou? Em Beja, há mulheres que “batem o pé” — e tentam mudar a cidade.

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Miguel Manso
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Quem chega a Beja encontra um centro histórico esquecido, com edifícios gastos e casas vazias. A dar vida a estas ruas, lê-se em algumas paredes “Beja, cidade antifascista”, ao lado de um cravo desenhado, ou de um azulejo com o rosto de uma mulher. Catarina Eufémia. Se este nome pode ser estranho noutros locais do país, no Baixo Alentejo tornou-se um símbolo de resistência contra a ditadura. Mais do que o nome, a mulher.

Em 1954, as trabalhadoras rurais de Baleizão, no distrito de Beja, multiplicavam-se nas reuniões, participavam e organizavam greves, exigindo melhores salários à época, ganhavam cerca de 20 escudos por dia, o que não chegava para toda a família comer.

A 19 de Maio desse ano, um grupo de ceifeiras em greve encontrou, na herdade Monte do Olival, em Baleizão, um outro grupo de mulheres a trabalhar, vindas do Penedo Gordo. Tentaram conversar com elas para as convencer a aderir à greve. Pouco tempo passou até o feitor da herdade chamar a Guarda Nacional Republicana ao local e o tenente João Tomaz Carrajola cercar estas baleizoeiras. Na fila da frente estava Catarina Eufémia, com o seu filho de oito meses nos braços. “Queremos pão e paz”, terá dito ao tenente. Carrajola respondeu-lhe com uma bofetada, fazendo Catarina cair, juntamente com o filho. Já vergada no chão, Carrajola disparou três tiros à queima-roupa. Catarina foi assassinada. Tinha 26 anos e três filhos.

O tempo passou, o 25 de Abril aconteceu e desde então Catarina passou a ser também nome de ruas, praças e avenidas por todo o país, fez nascer estátuas e monumentos, foi tema para poemas de autores como Sophia de Mello Breyner, Maria Teresa Horta, Ary dos Santos e para canções, como as de Zeca Afonso. Catarina Eufémia foi eternizada nas memórias do Alentejo e uma referência para muitas das mobilizações que se seguiram. Agora, que se assinalam os 70 anos da sua morte, que herança ficou?

Seja nas paredes das ruas, dentro das salas de aula ou exibindo as cores do arco-íris pelo Alentejo, há mulheres que lutam pelos seus direitos e são elas que tentam mudar a cidade. “O Alentejo está cheio de mulheres jovens que batem o pé, que são reivindicativas. Aliás, que são revolucionárias”, orgulha-se Cristina Matos, 27 anos, natural de Beja.

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Cristina Matos, 27 anos, trabalha no único restaurante vegan em Beja Miguel Manso

“Aqui estamos parados no tempo”

Cristina não se recorda da primeira vez que ouviu falar de Catarina Eufémia. “Sinto que sempre a conheci. É um nome que está sempre presente”, diz, trazendo à memória uma fotografia de Catarina emoldurada na casa da sua tia. “Quando era pequena, até achava que aquela era a minha avó”, graceja.

Entre as memórias de infância, também não se recorda do primeiro dia em que pegou no lápis, mas sabe que sempre gostou de desenhar. Em criança, gostava de desenhar mulheres, “senhoras gordas, com mamas grandes, com as filhas pelo braço”. “Não sei porquê, tinha muito essa imagem”, diz Cristina, que estudou Artes Plásticas e Multimédia no Instituto Politécnico de Beja.

Apesar de ser capital de distrito, Beja continua “parada no tempo”, lamenta. Aponta a falta de acessibilidade — há anos que a população pede uma auto-estrada e uma melhor rede ferroviária — e de diversidade cultural. “É uma cidade com pouco para fazer”, resume. Foi a partir deste aborrecimento que, em 2021, surgiu a ideia de levar as suas pinturas para a rua. “Não havia ninguém em Beja a fazer street art. Comecei a fazê-lo com o meu namorado para me divertir, mas também como revolta. Temos um centro histórico degradado. Queríamos trazer beleza à cidade e mostrar que há artistas de rua em Beja.”

Pelas ruas, encontramos versões alternativas dos clássicos — como a Vénus de Botticeli que aqui assume os rolos no cabelo e o cigarro por apagar —, mas também pinturas que exploram as expressões de género e de identidade. No ano passado, o seu trabalho chegou a Baleizão. Cristina foi convidada para desenhar os painéis do projecto À Descoberta de Baleizão, que contam, em vários pontos da cidade, a história das personalidades da região. Um desses painéis é sobre Catarina Eufémia. “Foi muito importante para mim fazer isto”, diz.

Este painel está afixado no preciso local onde Catarina morreu, no limite da propriedade Monte Olival. É lá que encontramos Ana Alhinha, que aos 18 anos começou a trabalhar num campo não muito longe, também em Baleizão. Na altura, ainda não tinha terminado o 8.º ano. “Estava muito desligada da escola, andava sempre a faltar”, recorda. Sem muitas opções, foi trabalhar para o campo, fez a campanha da amêndoa, a poda da vinha, mas foi na azeitona que trabalhou mais tempo.

Hoje, admite que os homens e as mulheres “fazem praticamente o mesmo” nos campos, mas o trabalho continua difícil. “No Verão, trabalhamos com o sol a bater na cabeça durante sete horas. Sem almoço, fazemos apenas 15 minutos de pausa durante o dia todo. E no Inverno não é melhor. Trabalhamos com geadas… Fica-se com as pontas dos dedos roxas”, diz a jovem, agora com 23 anos. “O campo custa muito. O corpo dói, a pele envelhece”, admite Ana, sublinhando a precariedade deste trabalho. Quem faz as campanhas recebe ao dia e basta estar a chover para não se trabalhar — e não se receber. “Mas não é só isso que é preciso mudar no Alentejo”, reforça, repetindo as palavras de Cristina. “Aqui estamos parados no tempo.”

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Depois de quatro anos a trabalhar no campo, Ana Alhinha voltou a estudar. O objectivo é terminar o 12.º ano para conseguir entrar na Guarda Nacional Repúblicana Miguel Manso

Barriga de fome

Catarina Eufémia. Quem é esta mulher, que trazia “um grito de água no Alentejo ardente”, dizia Maria Teresa Horta, que não servia “apenas para chorar os mortos”, como escreve Sophia de Mello Breyner, e que morreu “alpendurada do alto de uma foice”, nos versos de Ary dos Santos. “Chamava-se Catarina/Alentejo a viu nascer/ Serranas viram-na em vida/ e Baleizão a viu morrer”, cantava Zeca Afonso em Cantar alentejano.

Fonte de inspiração para muitos artistas, Catarina Eufémia era uma mulher pobre. Filha de camponeses, começou a trabalhar na agricultura cedo. Não foi à escola, não sabia ler, nem escrever. Quando morreu, aos 26 anos, acreditava-se que estaria grávida do quarto filho — algo que foi mais tarde desmentido. “Entrevistei os médicos que a autopsiaram. Catarina não estava grávida; tinha um grande abdómen, ou seja, tinha uma barriga de fome”, explica o antropólogo Paulo Lima, que investiga a vida nos campos de Beja durante o salazarismo e os movimentos de resistência da Reforma Agrária.

Depois do funeral de Catarina Eufémia, o tenente João Tomaz Carrajola foi julgado, mas absolvido, com a justificação de que teria sido um disparo acidental. Ao longo dos anos, a simbologia desta camponesa foi formada principalmente pelo Partido Comunista Português, com o qual tinha ligação. Além da forte influência do partido sobre os trabalhadores rurais de Baleizão, Catarina casou-se com Joaquim do Carmo, cantoneiro com forte ligação ao partido. É por isso que, no local onde morreu, foi construído um monumento em forma de foice.

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Catarina Eufémia, um dos símbolos de resistência antifascista, tem uma estátua em sua memória em Baleizão Miguel Manso

Mas este não é caso único. Desde a primeira República até ao 25 de Abril que Baleizão mantém uma tradição de resistência — e, além dos homens, também as mulheres foram perseguidas, presas, assassinadas. “A morte violenta, a ligação ao partido, e as inspirações poéticas tornaram Catarina um símbolo”, diz Paulo Lima. E deixa também o alerta: “Mas a história está cheia de Catarinas que continuam esquecidas.”

“O que é que ninguém fez?”

Num Baixo Alentejo cada vez mais envelhecido, que sofre especialmente com a fuga de jovens, Nádia Mira nunca teve o desejo de sair da região. Na escola, chateava-a ouvir os professores insistirem que era preciso sair da cidade “para se ser alguém”, recorda.

Hoje, com 37 anos, é em Beja que continua a fazer a sua vida, com a mesma vontade de trazer “provocação e diversidade” à cidade. Há dois anos que é presidente da Arruaça, associação social e cultural que se desdobra em várias actividades: o festival de bandas do distrito — reunindo grupos desde hard metal à música cigana —, exposições e actividades culturais, como a edição de um livro com poemas de autores de Beja. Também já dinamizaram um espaço de intervenção num bairro social, onde os jovens podiam aprender coisas novas, como construir instrumentos musicais. “O que fazemos é identificar lacunas, observar a cidade. O que é que ninguém fez? Quais são as oportunidades que faltam?”, questiona.

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Nádia Mira, 37 anos, trabalha como jurista em Beja Miguel Manso

Foi com este mote que decidiram organizar, pela primeira vez, o Beja Pride. Dada a falta de estruturas LGBTI+ com representação em Beja (a única que existe é a Associação de Mães e Pais pela Liberdade de Orientação Sexual e Identidade de Género, AMPLOS, direccionada para os pais), o objectivo era “criar visibilidade”, explica Eva Caseiro, uma das jovens que compõem a associação e que ajudou a organizar o evento. “Foi muito importante termos feito o primeiro Pride do Alentejo”, reforça a jovem de 22 anos.

No seu caso, nunca teve medo de dar a mão na rua quando tinha namorada, mas sabe que nem toda a gente partilha desta experiência: “Há quem não vá ao Pride porque tem vergonha de ser visto.” Desde o ano de estreia, 2021, que o Beja Pride trouxe vários artistas — como os Fado Bicha ou Venga Venga — e organizaram debates sobre os caminhos para a inclusão ou o acesso a cuidados de saúde — que são dificultados quando se trata, por exemplo, de pessoas trans que têm de ir a outras cidades para serem acompanhadas.

“Quando o pessoal de Lisboa vem cá falar, sentimos que está desconectado da nossa realidade. Falam de questões que ainda nem nos passam pela cabeça”, diz Cristina Matos, que também ajuda na organização do Beja Pride. “Nós estamos muito atrás. Aqui é um escândalo se um homem usa uns calções mais curtos. Imaginem se forem pessoas trans.”

As mais pobres

Basta estudar os movimentos sociais do Sul do país para perceber que Catarina Eufémia não é caso único. “Na história, a mulher surge muitas vezes na frente, com um grande poder reivindicativo e organizativo”, diz o antropólogo Paulo Lima, partilhando o exemplo esquecido de Palmira da Graça, baleizoeira que foi morta, em 1917, por impedir um carregamento de sacos de farinha de sair da estação de Beja em direcção a Palmela, como forma de revolta pela escassez de alimentos no Alentejo. “Só que a história destas mulheres é pouco explorada, nós fomos construindo uma história de eventos sociais a partir do homem”, acrescenta o antropólogo, que recebeu no ano passado o Prémio Imaterial, em Évora, pelo seu trabalho no Alentejo.

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Antes de se dedicar à investigação, Lisa Ferro trabalhou, durante cinco anos, em projectos de desenvolvimento local no Baixo Alentejo Miguel Manso

Agora, passados 50 anos desde o fim da ditadura, são as mulheres que continuam a ser as mais pobres da região, analisa a investigadora Lisa Ferro, do Instituto Politécnico de Beja. Um dos problemas identificados é o desemprego feminino. “O Baixo Alentejo é marcado por indústrias, como a mineira, que emprega maioritariamente homens”, esclarece a investigadora, que está a estudar, no doutoramento, o papel da igualdade de género nas políticas públicas de desenvolvimento no Baixo Alentejo.

Além disso, são elas que continuam a ser as principais vítimas de violência doméstica — um dos crimes que mais matam em Portugal. “É mais fácil numa zona citadina uma mulher ir a uma esquadra fazer uma denúncia do que numa terra pequena, onde toda a gente se conhece e onde as pessoas que estão naquela esquadra podem conhecer a pessoa agressora”, exemplifica.

No entanto, os actores-chave do território — como conselheiros municipais para a igualdade e vereadores — “estão pouco preparados” para lidar com estas questões. “Apesar das orientações estratégicas da União Europeia e dos planos nacionais para a igualdade, depois na prática, aqui, faz-se pouco”, diz Lisa Ferro, que, em 2021, também investigou este papel na promoção de igualdade de género no Baixo Alentejo. “Há actores-chave que dizem que as mulheres estão desempregadas porque não têm disponibilidade, porque têm de ir buscar os filhos à escola. Não existe uma compreensão de como a desigualdade de tarefas a nível familiar influencia a desigualdade na esfera profissional.”

As próximas lutas

Nos últimos anos, é precisamente sobre igualdade de género que Lisa se tem debruçado. Em 2023, realizou um estudo de diagnóstico, no Instituto Politécnico de Beja, sobre os conhecimentos que docentes e alunos tinham sobre o tema. “Concluímos que a palavra feminismo é daquelas que mais dúvida e mais ruído causam”, afirma.

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Mural de homenagem a Catarina Eufémia em Baleizão Miguel Manso

Para haver uma “mudança de mentalidades”, Lisa percebeu que a ciência não podia ficar só na academia. Tem organizado workshops e laboratórios abertos a toda a comunidade — por exemplo, no âmbito do Festival das Marias, um festival de artes no feminino no Alentejo, com projectos de literatura, cinema e debates. “Nestas sessões, com base em dados científicos, falamos de como o feminismo pode ajudar o Alentejo a tornar-se mais equilibrado e menos discriminatório e como todos nós, homens e mulheres, ganhamos com isso.”

E, ao combater a discriminação com o conhecimento, Lisa guarda uma esperança. “Acredito que as pessoas levem este tema para as suas redes familiares, pessoais ou mesmo profissionais.”

A par dos obstáculos que as mulheres enfrentam, há problemas que se têm tornado cada vez mais urgentes: a exclusão da comunidade cigana — que continua a viver em barracas sem condições dignas — ou da comunidade imigrante, que é cada vez maior para responder à necessidade de mão-de-obra de explorações agrícolas. Sem conhecimento da língua e dos seus direitos, tornam-se um grupo especialmente vulnerável, vivendo em casas sobrelotadas e sem infra-estruturas básicas, como água e luz.

Além de criticar a falta de respostas por parte do poder local para resolver esta situação, Eva Caseiro alerta que esta deve ser uma “preocupação de todos”. No seu caso, são vários os dias que acompanha a sua mãe, Patrícia Santos, n’A Pracinha — o café, situado no centro da cidade, que é também um espaço cultural, com biblioteca, exposições, concertos e oficinas artísticas.

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N’A Pracinha, existe uma livraria, uma biblioteca, um espaço de artesanato, organizam-se concertos e DJ sets, fazem-se exposições, noites de poesia, e oficinas artísticas para crianças e adultos Miguel Manso

Ao entrarmos neste espaço, as paredes dão-nos conta de várias fotografias, da autoria de Nádia Serrana, que retratam o dia-a-dia de crianças ciganas na região. “Somos um espaço para todos”, apresenta Patrícia Santos. Prova disso é a tentativa de ajudar a comunidade imigrante, disponibilizando vários meios, como um computador. É também aqui que os imigrantes podem recolher as inscrições para as aulas de Português, que são dadas num bar, chamado Os Infantes, a umas ruas de distância.

“Às vezes ajudamos em coisas imediatas, como uma marcação na Segurança Social ou nas finanças”, diz Patrícia, que nota o agravamento da situação habitacional desta comunidade. “Há pouco tempo vieram dois rapazes pedir ajuda. Não tinham onde dormir, iam dormir na rua.”

Patrícia continua a abrir a porta d’A Pracinha todos os dias, mas Eva viajou até à Grécia, onde está a fazer voluntariado num campo de refugiados. Quando regressar, no próximo mês, já tem planos. “Gostava de fazer um projecto fotográfico com imigrantes”, diz Eva, que estudou fotografia na Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual. “Quero mostrar como estas pessoas são esquecidas.”

Contra o esquecimento

Para estas jovens, é necessário não deixar esquecer Catarina Eufémia. “Faz parte do nosso imaginário, da história das mulheres alentejanas”, diz Lisa Ferro. “É uma referência do Alentejo”, acrescenta Ana Alhinha.

E, décadas depois, continuam a lutar pelo Alentejo com o qual Catarina sonhava: uma terra de igualdade, com trabalho digno. Agora, acrescentam outros critérios: querem uma cidade diversificada, inclusiva, progressista, cultural. “O que vemos é o oposto. Como a cidade oferece pouco, os jovens procuram outros sítios. Ao saírem, a cidade perde diversidade, perde massa crítica. E assim nada muda, porque as pessoas nunca são confrontadas com a diferença”, lamenta Nádia Mira.

Por outro lado, há jovens que resistem. “Beja está cheio de mulheres que tentam mudar a cidade – que são jovens, empoderadas, mobilizadas para a mudança e motivadas a investir no empoderamento da sociedade”, orgulha-se Lisa Ferro. Mas esta é uma tarefa cada vez mais pesada. “Sentimos uma frustração enorme. Tentamos organizar espectáculos, actividades, mas não temos apoio do poder local, nem em coisas simples, como a disponibilização de um espaço”, completa Cristina, que lamenta a resistência da população em receber novas expressões artísticas, além do cante alentejano.

Mesmo perante estas dificuldades, ninguém se verga. “Nós não desistimos do Alentejo”, reforça Eva Caseiro. “Ainda nos dizem que não somos as mulheres que devíamos ser, que devíamos estar em casa. Temos de lutar contra este conservadorismo”, acrescenta Cristina, que deixa um recado às suas conterrâneas. “Se a gente não falar, se a gente não lutar... Somos comidas pelo Alentejo.”

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