Repto aceite: PS, PCP, Livre e PAN reúnem-se com BE para uma “geringonça” de oposição
“Naturalmente, participaremos”, anunciou Paulo Raimundo. As reuniões deverão ser realizadas antes da tomada de posse da nova Assembleia da República.
Depois do PS e do Livre, também o PCP e o PAN aceitaram o repto do Bloco de Esquerda para uma ronda de reuniões entre partidos da esquerda para promover uma espécie de “geringonça” de oposição à direita, enquanto se prepara uma “alternativa” de governo. Ao PÚBLICO, a deputada Joana Mortágua explica que o objectivo dos bloquistas passa por fazer uma “análise conjunta dos resultados eleitorais” e perceber se as forças de esquerda estão em sintonia “em relação a essa análise”.
Joana Mortágua diz ainda que estes encontros visam “procurar pontos de encontro nas matérias fundamentais que podem estar ameaçadas pela direita”, com a deputada reeleita no passado domingo a notar que na “última vez que a direita governou, a Constituição esteve sob ataque”. Outro objectivo passa por “preparar um 25 de Abril muito participado” quando passam 50 anos da revolução. Por fim, as reuniões serão bilaterais e deverão acontecer antes de a nova Assembleia da República ser instalada (entre 26 e 28 de Março ou já na primeira semana de Abril).
Paulo Raimundo revelou esta quarta-feira que o PCP participará nessa reunião. “Fomos convidados para uma reunião na qual naturalmente participaremos”, afirmou o líder comunista, na conferência de imprensa do PCP para dar conta das conclusões do comité central do partido sobre a análise aos resultados das legislativas, e em que anunciou que o partido apresentará uma moção de rejeição ao programa do Governo que a AD formar.
Sem querer adiantar que tipo de convergência ou entendimento à esquerda poderá ser proposto, o secretário-geral do PCP alertou que o partido que lidera admite trabalhar numa lógica de convergência, mas avisou rejeitar qualquer tipo de processo que implique a "diluição" programática do seu partido. “Penso que não é justo pedirem ao PCP – ou a nenhum outro partido – que se dilua neste projecto”, disse.
Também o PAN disse ao PÚBLICO estar disponível para participar neste esforço, cujo pedido foi anunciado pela coordenadora do BE, Mariana Mortágua, ao início da noite de terça-feira, com o objectivo de manter “abertas as portas do diálogo e procurar convergência” entre as forças na oposição à direita, maioritária na sequência das eleições. “O PAN está disponível para a construção de pontes”, refere o partido em resposta escrita ao PÚBLICO, acrescentando estar “inteiramente” disponível para se “reunir quer com o BE, quer com as demais forças políticas que actuam no espectro democrático”.
Ainda na noite de terça-feira, fonte oficial do PS disse que o partido está “naturalmente disponível para receber o Bloco de Esquerda”. Também fonte oficial do Livre confirmou a disponibilidade do partido, que desde a sua fundação defendeu a necessidade de pontes à esquerda, para se reunir com os bloquistas: “Claro que sim.” com Ana Bacelar Begonha e Maria Lopes
Actualizado com mais declarações de Paulo Raimundo e às 18h com declarações de Joana Mortágua