PAN não viabiliza orçamento da AD que “ponha em causa o que tanto levou a conquistar”
“Há linhas vermelhas que o PAN não ultrapassa, relativamente aos direitos das mulheres, protecção animal ou ambiental”, garante Inês Sousa Real. Marcelo irá ouvir partidos até dia 20.
Após as eleições do passado domingo, o Presidente da República começou a ouvir esta terça-feira os partidos em Belém e foi o PAN quem deu o tiro de partida. Inês Sousa Real avançou que o PAN não viabilizará um orçamento que "ponha em causa o que tanto levou a conquistar" em termos de protecção ambiental e direitos dos animais e das mulheres.
“Neste momento temos um Orçamento do Estado aprovado”, recordou Inês Sousa Real, acrescentando que, caso a Aliança Democrática (AD) queira apresentar um orçamento rectificativo, o PAN não estará disponível para "viabilizar um orçamento ou programa de governo que ponha em causa o que tanto levou a conquistar".
A líder do PAN (e deputada recém-eleita) falava aos jornalistas em declarações transmitidas pela RTP3, após reunir-se com o Presidente da República. “Há matérias em que querem retroceder”, alertou, referindo-se à AD, mas também ao Chega. Sousa Real acusa estas forças de irem “contra o progresso civilizacional que foi feito”.
No que toca à AD, há "divergências ideológicas que nos separam. E há linhas vermelhas que o PAN não ultrapassa, relativamente aos direitos das mulheres, protecção animal ou ambiental”, sublinhou.
Reconhecendo que dificilmente estará “nas mãos” do partido “viabilizar uma solução governativa” por não ter obtido “expressão matemática” suficiente nas eleições de domingo, a líder do PAN disse haver “valores irrenunciáveis do ponto de vista das conquistas sociais e humanitária e da luta contra a crise climática”.
"Tendo em conta o risco iminente que o país corre de ver retroceder" em matéria de direitos e o facto de "não estarmos perante uma aliança progressista no país”, a líder do PAN quis deixar claro que não vão “defraudar o seu ideário”.
No passado domingo, o PAN obteve 118.579 votos nas eleições legislativas, mais 36 mil face a 2022. Porém, não foi suficiente para formar um grupo parlamentar, tendo sido eleita apenas Inês Sousa Real (pela segunda vez). Marcelo Rebelo de Sousa irá ouvir os partidos ao longo dos próximos dias, sendo a última audição, à AD, no dia 20, data em que serão conhecidos os resultados eleitorais nos círculos da emigração.