Bolieiro quer formar governo minoritário. Chega congela decisão sobre se viabiliza
Representante da República para os Açores ouviu os partidos sobre a formação do novo executivo e termina esta terça-feira a ronda de audições.
O representante da República para os Açores ouviu esta segunda-feira os líderes do PSD, PS, Chega e Bloco de Esquerda na sequência das eleições regionais de Janeiro. O presidente do PSD-Açores e líder da coligação PSD/CDS/PPM, José Manuel Bolieiro, reiterou a Pedro Catarino que pretende formar um governo de maioria relativa e afastou a possibilidade de acordos com outros partidos. O PS-Açores insistiu que deve governar quem "vence as eleições", enquanto o Bloco anunciou que votará contra o programa do governo. Já o Chega recusou anunciar uma posição, preferindo conhecer a composição do governo e o respectivo programa antes de revelar se viabiliza um executivo minoritário chefiado por Bolieiro.
"Fui claro e objectivo nesta audição: assumiria uma governação de maioria relativa, liderando a coligação PSD/CDS/PPM e mais do que isso não foi dito. Porque, verdadeiramente, não admito outra solução, razão pela qual assumi na noite eleitoral este compromisso de lealdade no quadro da coligação, que foi submetida a eleições e ganhou as eleições legislativas regionais", afirmou José Manuel Bolieiro à saída da audição com Pedro Catarino.
Questionado sobre um eventual chumbo do programa do governo, o líder regional social-democrata insistiu que a coligação obteve "uma inequívoca vitória eleitoral", que "deu legitimidade democrática ao projecto político" para continuar a governar. Sobre se preferia que o programa do governo fosse votado antes ou depois de 10 de Março, data das eleições legislativas nacionais, disse apenas que verá "o que o calendário determina".
O presidente do PS-Açores, Vasco Cordeiro, defendeu, por seu turno, que deve ser o partido mais votado a formar governo. E voltou a recordar que a decisão tomada em 2020 "coloca uma exigência" e "uma responsabilidade acrescida" a Catarino quanto à coerência a manter. Em 2020, quando o PS venceu as eleições, também sem maioria absoluta, Pedro Catarino indigitou como presidente do Governo Regional o líder do PSD-Açores, que formou uma coligação pós-eleitoral com o CDS-PP e PPM e assinou acordos de incidência parlamentar com Chega e IL, que lhe garantiam 29 dos 57 deputados.
Por sua vez, o líder do Chega-Açores disse que só tomará uma decisão sobre a votação do programa do governo depois de conhecer o documento e a composição do executivo regional. José Pacheco insistiu ainda que quer fazer parte da solução governativa. "Não conheço o programa do governo, não conheço os elementos do governo, não me posso pronunciar sobre uma coisa que eu não conheço. Lamento que o PS o tenha feito", disse após a audição.
Confrontado com o facto de o líder do PSD-Açores ter dito que não irá negociar com o Chega, José Pacheco ressalvou que "até à data não" não recebeu essa informação formalmente. Questionado sobre se admitia abster-se na votação do programa do governo se não integrar o executivo, Pacheco respondeu: "Admitimos tudo."
O último a ser ouvido foi o coordenador do Bloco. António Lima anunciou que votará contra o programa do governo, mas rejeitou responsabilidades na garantia de estabilidade, alegando que foram outros partidos a prometer diálogo após as eleições.
"Conhecemos o programa eleitoral da coligação, que será o seu programa do governo e esse programa terá a nossa oposição e votaremos contra", afirmou, em declarações aos jornalistas.
O representante da República dos Açores termina esta terça-feira as audições aos partidos com representação no parlamento regional, recebendo a IL pelas 10h locais e o PAN às 11h. Às 17h, Pedro Catarino faz uma comunicação aos açorianos. De acordo com o Estatuto Político-Administrativo dos Açores, "o presidente do governo regional é nomeado pelo representante da República, tendo em conta os resultados das eleições para a assembleia legislativa, ouvidos os partidos políticos nela representados". A instalação da nova assembleia regional está marcada para quinta-feira.
Notícia actualizada com as declarações de PS, Chega e Bloco