A transportadora aérea nacional da Finlândia, Finnair, está a pedir aos seus passageiros que subam para a balança, juntamente com a bagagem de mão, para registar o seu peso na porta de embarque, como parte de um esforço para melhorar os cálculos de equilíbrio dos aviões.
Este programa, segundo um comunicado, é "voluntário e anónimo" e uma tentativa de recolher dados mais precisos sobre os passageiros e evitar que o avião exceda um "peso máximo definido para garantir uma descolagem segura".
A iniciativa faz parte de uma tendência crescente entre as companhias aéreas, que estão a utilizar esta estratégia para garantir que o peso total de um avião é exacto. Embora o peso do avião, do combustível, da carga, dos tanques de água e do catering seja conhecido, as companhias aéreas querem determinar melhor o peso variável dos passageiros e das suas bagagens de mão em cada voo.
Mas o programa da Finnair, que começou esta semana no aeroporto de Helsínquia, já está a polarizar opiniões nas redes sociais. "Não acho que seja intrusivo ou desnecessário", escreveu uma pessoa online, classificando a medida como "razoável". Outros classificaram a medida como "gordofóbica" e potencialmente "humilhante".
A companhia aérea afirmou que os dados permanecerão anónimos. Os viajantes em negócios e em lazer em "voos europeus seleccionados" e alguns em voos de longo curso terão a oportunidade de participar.
"Os dados recolhidos não estão de forma alguma associados aos dados pessoais do cliente", afirmou Satu Munnukka, uma responsável da Finnair pelas operações em terra, num comunicado. "Não pedimos o nome nem o número de reserva".
O peso total do passageiro e da sua bagagem de mão, a sua idade, sexo e classe de viagem são registados numa base de dados, mas "não é recolhida qualquer informação que permita identificar os participantes", acrescentou Munnukka. "Apenas o agente do serviço de apoio ao cliente que trabalha no ponto de medição pode ver o peso total, pelo que pode participar no estudo com toda a tranquilidade."
Outras experiências de peso
Em 2013, a Samoa Air tornou-se uma das primeiras companhias aéreas a pesar os passageiros e, de forma controversa, a cobrar uma taxa variável de quilogramas por milha, com base no que a balança registasse. No ano passado, a Air New Zealand também efectuou uma pesagem dos seus passageiros para os seus cálculos de voo.
A Korean Airlines enfrentou algumas reacções negativas por parte dos passageiros depois de ter adoptado um programa semelhante no Verão passado, com os meios de comunicação social locais a noticiarem que alguns passageiros se sentiram embaraçados por serem pesados, enquanto outros argumentaram que os passageiros mais leves deveriam ter direito a uma maior franquia de bagagem.
Nos últimos anos, a maioria das transportadoras americanas excluiu este tipo de medidas, enquanto que, no Reino Unido, uma empresa de aviação tem vindo a investigar métodos mais precisos de recolha de dados sobre o peso, numa tentativa de reduzir os custos de combustível e as emissões dos voos.
O peso dos clientes e da sua bagagem de mão é geralmente calculado com base nos pesos médios confirmados pela Autoridade da Aviação Civil, declarou a Finnair. A alternativa é as companhias aéreas utilizarem as suas próprias medidas ou utilizarem pesos normalizados definidos pela Agência Europeia para a Segurança da Aviação.
Desde 2018, a Finnair afirma que tem utilizado pesos médios baseados nas suas próprias medições, mas estas estimativas têm de ser actualizadas de cinco em cinco anos. "Chegou o momento de recolher dados actualizados", disse a porta-voz Päivyt Tallqvist num e-mail na sexta-feira.
O projecto teve início na segunda-feira e "até agora tivemos cerca de 800 voluntários a participar - é óptimo ver que os nossos clientes estão interessados em ser voluntários nesta recolha de dados", acrescentou, sublinhando que a pesagem não é obrigatória para ninguém.
Os passageiros são recompensados com uma etiqueta de bagagem de recordação pela sua participação, disse.
De acordo com a companhia aérea, o inquérito será realizado novamente nos meses mais quentes, para ter em conta as mudanças sazonais em termos de roupas e seu respectivo peso.
Uma vez concluída, a informação será enviada à agência finlandesa de transportes e comunicações, Traficom, para validação antes de a companhia aérea poder utilizar os dados para os futuros cálculos de equilíbrio e carga das aeronaves entre 2025 e 2030, informou a Finnair.
Exclusivo Público/Washington Post