“Queremos cultura sem tortura”, pediu um grupo de activistas pelos direitos dos animais em frente à maior praça de touros do mundo, na Cidade do México, este domingo — no mesmo dia em que se realizou a primeira tourada após um período de interrupção de 20 meses.
O protesto aconteceu do lado de fora da arena Plaza México, algumas horas antes do início do evento de domingo e reuniu pelo menos três centenas de pessoas. Para além dos cartazes, alguns manifestantes apareceram pintados de vermelho e gritavam palavras de ordem como “Assassinos” ou “A praça vai cair”. Em resposta, do lado de dentro da arena lotada, ouvia-se “Viva à liberdade”, escreve a agência Associated Press (AP).
Este espectáculo só foi possível porque o Supremo Tribunal mexicano revogou uma decisão de um tribunal, que, em 2022, proibiu as touradas na Cidade do México. Foi o resultado de uma providência cautelar da organização de direitos humanos Justicia Justa, que alegou que os regulamentos que permitiam as touradas eram inconstitucionais e que argumentou que “o tratamento cruel dos animais impede as pessoas de desfrutarem de um ambiente saudável” protegido pela Constituição, como escreveu à data o El País.
Na sentença de 2022, o juiz federal deu razão à ONG e concluiu que actividade tauromáquica pode causar danos físicos e emocionais aos animais, citando um documento elaborado pelo Corpo de Protecção Animal do Governo Mexicano (PAOT). O tribunal concluiu assim que estas actividades recreativas “ferem, torturam e matam e que a sociedade está cada vez mais atenta à preservação do respeito e da integridade física e emocional de todos os animais”, como citou o El País.
Depois de a suspensão ter sido revogada, em Dezembro de 2023, o Presidente mexicano, López Obrador, propôs um referendo à população da Cidade do México para decidir o futuro da tauromaquia, como resposta ao descontentamento dos movimentos antitouradas. Vários estados do país já aboliram as touradas, como é o caso de Sonora, Guerrero, Coahuila e, mais recentemente, Quintana Roo, que implementou a medida em 2019.
Texto editado por Inês Chaíça