Turista acha diamante de 7,46 quilates em parque dos EUA
É um parque especial: Julien Navas fez o achado no Crater of Diamonds, Arkansas. Aqui, as visitas podem mesmo deixar o visitante mais rico. Navas baptizou o diamante com o nome da noiva, Carine.
Quando Julien Navas partiu de Paris para umas férias nos Estados Unidos, tinha a ideia de comprar um diamante para a aliança de casamento da sua futura mulher. Podia ter comprado um na Zales ou na Tiffany. Em vez disso, encontrou o diamante perfeito no início deste mês na lama do Parque Estatal da Cratera dos Diamantes, no Arkansas. A jóia cor de chocolate de 7,46 quilates custou-lhe apenas 15 dólares.
"Fiquei muito feliz", disse o empresário de 42 anos por mail."Como se trata de um diamante grande, pediram-me para lhe dar um nome. Dei-lhe o primeiro nome da minha noiva: é agora o Diamante Carine".
O achado de Navas corresponde ao oitavo maior diamante descoberto neste campo com cerca de 15 hectares desde 1972, ano em que se tornou um parque estatal.
Um visitante do Texas em férias com a família detém o título do achado mais valioso por aqui: 16,37 quilates, em 1975. O recorde da área em que se encontra o parque - Murfreesboro, Arkansas -, e, por sinal, do país, é o Uncle Sam Diamond (Diamante Tio Sam), um diamante de 40 quilates, descoberto em 1924.
De acordo com um relatório de 2016, mais de 75.000 diamantes já tinham sido descobertos nas terras outrora pertencentes ao fazendeiro John Huddleston, que descobriu diamantes em 1906. Entre 1972 e o ano passado, o parque registou 35.250 diamantes com um peso total de 7032 quilates. Durante quase duas décadas, mais de 100.000 pessoas visitam o parque anualmente.
Sarah Reap, guia-intérprete dos Parques do Arkansas, disse que a atracção tem uma média de uma a duas descobertas por dia, dependendo do número de visitantes. O número diminui durante os meses mais calmos do Inverno e aumenta durante os períodos mais movimentados.
"Num dia de Março, podemos registar até dez diamantes", diz Reap, "mas também podemos ter aqui mil pessoas".
Os frequentadores habituais têm obviamente mais diamantes, como é o caso de um visitante frequente que no ano passado acumulou cerca de cem. No entanto, Navas estava apenas à procura de um para a sua namorada.
"Em França, há muitos artigos sobre a Cratera dos Diamantes", diz. "Sempre tive esta ideia [de a visitar] na cabeça. Venho muitas vezes aos Estados Unidos, mas desta vez, estando noivo, precisava de encontrar um anel de casamento com um belo diamante para a minha namorada."
O principal motivo da visita de Navas aos Estados Unidos era, na verdade, assistir ao lançamento do foguetão Vulcan Centaur da United Launch Alliance rumo à Lua, a partir do Cabo Canaveral, na Florida, a 8 de Janeiro. Infelizmente, a missão fracassou. O Peregrino, módulo de aterragem lunar, não cumpriu o seu desígnio devido a um incidente relacionado com derrame de combustível e pegou fogo. Pesquisador experiente de metais e minerais preciosos, Navas decidiu passar a segunda metade da viagem a tentar a sorte mais perto da Terra.
"Desde pequeno que procuro tesouros - ouro, pedras preciosas - com pás, bateias (os recipientes em que se lavam e peneiram as areias) ou detectores de metais", conta. "Para o anel de noivado, recolhi dez quilos de processadores de computador para extrair o ouro e fazer um anel de nerd para a minha futura mulher. Para a pedra preciosa, fui a uma antiga mina de esmeraldas na Áustria. Procurei durante mais de uma semana para encontrar uma e terminar o anel".
Antes de partir para a sua busca, Navas consultou os serviços do parque sobre as diferentes técnicas para encontrar diamantes. Reap disse que os três métodos são a procura à superfície, a peneiração a seco e a peneiração húmida. O tempo ideal é um dia de sol depois de uma chuva que encharque o solo. Antes da visita de Navas, o parque tinha recebido uma boa chuvada.
"Arámos linhas no campo e a chuva atinge as camadas superiores do solo e arrasta os materiais mais pesados", disse. O sol, entretanto, irá fazer brilhar as pedras preciosas.
Navas alugou um kit básico de "caça aos diamantes" - pá, peneiras, baldes - e começou a trabalhar. Passou quatro horas a cavar na lama e a lavar com água fria o cascalho que recolheu em caixotes. Nada brilhava. Depois de uma pausa para o almoço, percorreu a cratera, observando os frequentadores habituais. Um caçador profissional "só com a cabeça de fora de um buraco" aconselhou Navas a parar de cavar e a começar a analisar a superfície. Andou durante mais três horas até reparar num cristal castanho que se assemelhava a um quartzo fumado. Consolou-se com a ideia de um prémio de consolação.
No laboratório do parque, os peritos levaram o seu cristal e regressaram com largos sorrisos. Informaram-no de que tinha encontrado um dos maiores diamantes do país. Reap disse que a maioria das descobertas das pessoas tem em média um quarto de quilate. Ela descreve o diamante de Navas como "anormalmente grande". "Foi uma das surpresas mais incríveis, depois do nascimento da minha filha", confessa ele.
Navas manteve o diamante em segredo até regressar a França. Disse que a sua companheira perguntou o que é que ele tinha andado a fazer no Arkansas. E ele apresentou-lhe a resposta.
O felizardo turista refere que o diamante é tão grande que, afinal, talvez possa usar vir a pedra para dois anéis de casamento: um para a sua noiva e o outro para a sua filha - ela em apenas três anos, mas poderá usá-lo daqui a uns bons anos no seu próprio casamento.