Palestina
UnMute Gaza, exigem os cartazes que denunciam o “silêncio doloroso” dos governos ocidentais
As ilustrações nos cartazes são feitas a partir de imagens de fotojornalistas em Gaza. Estão em paragens, museus e fachadas de prédios e disponíveis para download.
Os cartazes ilustram o que fotojornalistas em Gaza mostram há mais de 100 dias. Os bombardeamentos israelitas destroem edifícios, reduzem cidades inteiras a escombros e matam os palestinianos que nelas vivem — mais de 25 mil, segundo os dados mais recentes do Ministério da Saúde de Gaza (cujos números são considerados credíveis por várias agências da ONU).
O projecto UnMute Gaza nasceu a 13 de Novembro de 2023 para acabar com o que os artistas descrevem como um “silêncio” imposto pelo Governo de Israel, que proíbe a entrada de jornalistas em Gaza, controla a cobertura mediática do conflito e deixa os palestinianos em Gaza sem água, sem electricidade e sem comunicações. Para apoiar os fotojornalistas que vivem na guerra, 22 artistas transformaram as imagens em ilustrações que estão a correr o mundo.
“Tal como muitas pessoas, estamos chocados com a situação que se vive actualmente na Palestina. Já o estamos há muitos anos. A Palestina está debaixo de fogo. Milhares de civis estão a morrer em Gaza. Os nossos Governos na Europa são cúmplices deste genocídio. O silêncio é doloroso”, lê-se na primeira publicação do projecto.
As imagens podem ser descarregadas gratuitamente no site. Cada uma tem o símbolo de um altifalante sem som para representar o silêncio dos países ocidentais no conflito, lê-se no site do projecto.
O objectivo é que sejam afixadas em muros, espaços comerciais, mercados, fachadas de prédios, paragens de autocarros, museus e outros espaços públicos. Por todo o lado, multiplicam-se as ilustrações de crianças mortas embrulhadas em panos brancos nos braços das mães, pais, irmãos ou socorristas. E outras ensanguentadas no meio das ruas depois de as bombas explodirem.
Até agora, os cartazes já foram afixados em 21 países e 31 cidades, entre as quais Barcelona, Londres, Roma, Istambul, Oslo, na Noruega, Bogotá, na Colômbia, ou Melbourne, na Austrália. Na quarta-feira, 24 de Janeiro, foram afixados no exterior do museu Reina Sofía, em Madrid, sob o olhar das autoridades que não o impediram.
Entre Outubro de 2023 e Janeiro deste ano morreram pelo menos 83 jornalistas em Gaza, 76 dos quais palestinianos, quatro israelitas e três libaneses, segundo os últimos dados do Comité para a Protecção dos Jornalistas. O número é superior aos 68 que perderam a vida durante a Segunda Guerra Mundial e representa mais de metade dos 140 que morreram no Iraque durante os nove anos de conflito.