Cães grandes têm doenças diferentes dos pequenos – e isso pode ter impacto na longevidade
Um estudo da Universidade de Washington, EUA, mostra que os cães mais pequenos sofrem mais de doenças respiratórias e os de raças maiores de cancro e doenças nos ossos. Isso pode explicar longevidade.
Já sabíamos que os cães de raças grandes tinham uma esperança média de vida mais baixa – mas não é por terem mais doenças do que os mais pequenos, mostrou um estudo da Universidade de Washington, EUA, publicado esta semana na revista científica Plos One. Então, afinal, porque é que os pequenos vivem mais?
A principal diferença entre os cães de raças grandes e os de raça pequena é o tipo de doenças que têm ao longo da vida – e o risco para cada uma que apresentam. Por exemplo, no caso dos cães de porte grande, tendem a sofrer mais com doenças como cancro, problemas gastrointestinais, doenças nos ossos, doenças infecciosas ou neurológicas (por exemplo, epilepsia), em algum ponto da vida, descobriu a equipa que conduziu o estudo.
Já no caso dos cães pequenos, estão mais susceptíveis a doenças oculares, problemas do fígado e pâncreas, doenças respiratórias ou problemas de coração.
E, sim, há doenças em que o tamanho não importa. É o caso o dos problemas renais e urinários, detalham os autores do estudo Tamanho dos cães e padrões de doença em todo o espectro etário canino: resultados do Dog Aging Project.
Para algumas doenças – como o cancro, doenças oculares, cardíacas ou ortopédicas – os tamanhos dos animais foram associados a diferentes padrões de risco ao longo da vida. Estes padrões verificaram-se mesmo quando os investigadores tiveram em conta o sexo do cão, o local onde vivem e se eram de raça ou rafeiros.
No total, participaram 27.541 cães de 238 raças diferentes. Para o estudo, foram analisados os dados recolhidos em inquéritos feitos aos donos que participam no Dog Aging Project – e que apenas podiam submeter respostas para um animal por cada agregado familiar, independentemente de quantos tivessem em casa.
Para participar, era apenas necessário que preenchessem um inquérito sobre saúde e experiência de vida do animal. Ao longo do questionário os tutores depararam-se com várias categorias de diagnósticos aos quais os animais estão ou já estiveram sujeitos. Ao todo foram analisadas treze categorias de doenças de interesse (entre as quais doenças de pele, doenças infecciosas ou parasitas, ortopédicas, gastrointestinais, oculares, neurológicas e respiratórias).
A média de idades dos animais que participaram era de sete anos, mas para o estudo, foram divididos em diferentes categorias: se tinham menos de um ano eram “bebés”; se tinham entre três e sete anos eram “jovens adultos”; dos sete aos onze eram “adultos mais velhos” e com mais de onze anos eram “idosos”.
No total, a amostra contou com o mesmo número de animais machos e fêmeas e de raças puras e mistas.
“Estes resultados fornecem informações sobre categorias de doenças que podem contribuir para a redução do tempo de vida em cães maiores”, lê-se no estudo. No entanto, os autores adiantam ser necessária mais investigação para clarificar as ligações entre a idade do cão, o seu tamanho e a prevalência de doenças.
Texto editado por Inês Chaíça