A actriz Julianna Margulies pediu desculpa às pessoas negras e LGBTQ+ depois de, num podcast do mês passado, ter acusado os grupos de odiarem os judeus — o mais recente de vários comentários de celebridades relacionados com a guerra Israel-Gaza que foram recebidos com reacções negativas.
“Estou horrorizada com o facto de as declarações que fiz num podcast recente terem ofendido as comunidades negra e LGBTQIA+, comunidades que amo e respeito verdadeiramente”, afirmou a actriz conhecida por The Good Wife e The Morning Show no seu pedido de desculpas. “Quero ser 100% clara: o racismo, a homofobia, o sexismo ou qualquer preconceito contra as crenças pessoais ou a identidade de alguém são abomináveis para mim, ponto final.”
“Não era minha intenção que as minhas palavras semeassem mais divisões, pelo que peço sinceras desculpas”, acrescentou.
Ela expressou as suas críticas durante um episódio, lançado a 20 de Novembro do podcast The Back Room with Andy Ostroy. Margulies, que é judia, disse que apoiou ambas as comunidades marginalizadas no passado, colocando um quadrado preto nas suas fotos de perfil nas redes sociais durante os protestos contra o assassinato de George Floyd, em 2020, e participando de uma campanha de apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mas ela disse que não tinha visto o mesmo fervor e apoio dos grupos em apoio ao povo judeu após o ataque do Hamas contra Israel, a 7 de Outubro.
“O facto de toda a comunidade negra não estar do nosso lado, para mim, diz que ou não sabem ou lhes foi feita uma lavagem cerebral para odiarem os judeus”, afirmou no podcast.
Noutro momento do programa, Margulies criticou os jovens LGBTQ, especificamente as pessoas que usam os pronomes “they/them”, pelos sentimentos pró-palestinianos: “São esses jovens que estão a lançar este ódio anti-semita”, disse. Eles “não fazem ideia de que se pisarem um país islâmico... são essas pessoas que serão as primeiras a ser decapitadas e as suas cabeças serão atiradas... como uma bola de futebol no campo”.
Também deturpou um panfleto de um evento organizado por um grupo de estudantes para mulheres queer e pessoas não binárias na Universidade de Columbia, afirmando erradamente que o evento era anunciado como “não são permitidos judeus”. De facto, a noite de cinema para lésbicas negras do grupo foi promovida em panfletos com uma frase que dizia: “Aqui é Palestina Livre. Os sionistas não são convidados”, segundo o jornal estudantil da universidade, o Columbia Spectator.
“Como alguém que interpreta uma jornalista lésbica no The Morning Show, sinto-me mais ofendida por isso como lésbica do que como judia”, disse Margulies no podcast. “Quero dizer-lhes: 'Seus idiotas [...]. Vocês não existem. Vocês são ainda mais baixos do que os judeus. A. vocês são negros e B. vocês são gays. E estão a virar as costas às pessoas que vos apoiam?”.
Margulies é uma das várias celebridades que enfrentaram repercussões sociais por comentários relacionados com a guerra entre Israel e o Hamas. Susan Sarandon, a actriz vencedora de um Óscar que protagonizou Thelma & Louise e A Última Caminhada, pediu desculpa, na sexta-feira, depois de ter sido retirada como cliente pela United Talent Agency na sequência de ter dito, numa manifestação pró-palestiniana no mês passado, que os judeus estavam a “sentir o gosto do que é ser muçulmano neste país, tantas vezes sujeito a violência”.
“Esta frase foi um erro terrível, pois implica que até recentemente os judeus eram estranhos à perseguição, quando o oposto é que é verdadeiro”, escreveu Sarandon numa declaração no Instagram. “Como todos sabemos, desde séculos de opressão e genocídio na Europa, até ao tiroteio na Árvore da Vida em Pittsburgh, os judeus há muito que estão familiarizados com a discriminação e a violência religiosa que continua até aos dias de hoje.”
“Lamento profundamente ter diminuído esta realidade e magoado as pessoas com este comentário”, continuou. “A minha intenção era mostrar solidariedade na luta contra o fanatismo de todos os tipos, e lamento não o ter feito.”
No mês passado, a actriz Melissa Barrera foi demitida de Gritos 7 por causa dos seus comentários nas redes sociais sobre o mesmo conflito, nos quais ela apoiou os palestinianos e disse que as acções de Israel em Gaza eram “genocídio” e “limpeza étnica”. Desde então, ela reforçou as suas declarações, dizendo que “o silêncio não é uma opção”.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post