No País dos arquitectos: Torre FPM 41

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FG SG Fotografia de Arquitetura
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No 71.º episódio do podcast “No País dos Arquitectos”, Sara Nunes, da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures, conversa com a arquitecta Patrícia Barbas, do atelier Barbas Lopes Arquitectos, sobre o projecto do FPM 41, em Lisboa.

A Torre de Picoas, actualmente conhecida pela sigla FPM 41, que identifica o número da porta na Avenida Fontes Pereira de Melo, tem 17 andares e mais de 60 metros de altura. Apesar de, em Portugal, não existir uma cultura de construção em altura, a arquitecta desconstrói essa ideia e defende que a nova torre de escritórios devolve espaço público à cidade: “Este edifício de escritórios tem um impacto e uma expressão pública enormes pela sua visibilidade, [pela sua] localização e [pela] quantidade de gente que vai movimentar e que vai alojar. Tudo isso é transformador daquela área da cidade.”

Durante a conversa, a arquitecta explica que Lisboa é uma cidade que tendencialmente não crescerá em altura devido às restrições que o aeroporto coloca: “[Naquele local onde se encontra o FPM 41] estamos na cota máxima do cone [permitida naquela zona]. O tecto de Lisboa corresponde, no fundo, à altura do Imaviz.” O Sheraton, um pouco mais alto, foi uma excepção permitida pela cidade: "Mas temos imensos exemplos na História de Arquitectura de Lisboa de projectos que nunca viram a luz do dia da construção [devido à sua altura]”, conta Patrícia Barbas, enquanto lembra que, desde os anos 1960, começou a haver a ambição de construir Picoas em altura. Foram desenvolvidos vários projectos desde essa época – dos arquitectos Conceição Silva, Teotónio Pereira e Ricardo Bofill – mas só o que foi desenvolvido pelo atelier Barbas Lopes Arquitectos avançou: “O lote estava devoluto há muitos anos. Penso que houve uma vontade de resolver aquilo porque estamos a falar de uma localização privilegiada, num chamado Eixo Central no Lisbon Business Centre.”

Partindo de “uma visão holística da cidade”, o projecto lançava uma questão: “Como é que a partir do desenho de um edifício se pensa a cidade?” Patrícia Barbas esclarece que este é um projecto “shell and core”, onde se procurou não só “resolver questões programáticas”, mas também se criou novo espaço público em redor do edifício: “Nós fizemos os espaços comuns todos do edifício, a pele do edifício, os espaços exteriores e depois acabámos por – a convite da Câmara Municipal de Lisboa – [fazer] o reperfilamento da Avenida Fontes Pereira de Melo, do Marquês [de Pombal] até ao [Duque de] Saldanha.”

Para além disso, havia a questão da flexibilidade nos espaços de trabalho: “[Queríamos que] aquele edifício um dia mais tarde se quisesse deixar de ser [um edifício de] escritórios, poderia passar a ser outra coisa. (...) [Neste momento], a flexibilização do espaço está completamente conseguida.” Os interiores correspondem a imagens corporativas e foram desenvolvidos por outros ateliers. O escritório de advogados PLMJ, por exemplo, escolheu o arquitecto Ricardo Bak Gordon. Já a sede da KPMG contou o projecto do atelier Openbook para desenvolver esse trabalho: “Isso fez-nos ter imensas reuniões. (...) Tivemos todas as equipas envolvidas e acho que (...) é muito interessante ver como é que outros colegas entram no edifício e o transformam.”

Como a torre comunica com outros edifícios de épocas diferentes – com “o espaço do Ressano Garcia, [autor do plano] das Avenidas Novas”, “a Maternidade Dr. Alfredo da Costa, do arquitecto Ventura Terra”, “a [casa-museu] de Norte Júnior”, “o Edifício Saldanha Residence, do arquitecto João Paciência” mais os edifícios do Imaviz e do Sheraton – a arquitecta quis que a cor da fachada reflectisse “várias camadas de tempo”. Daí o edifício cor de champanhe: “Era quase como se misturássemos as cores todas dos edifícios à volta. (...) Normalmente não se consegue determinar bem, mas é uma cor parda que reage às diferentes épocas do ano.”

A arquitecta Patrícia Barbas explica que, durante o processo, foram também tomadas várias decisões que contribuíram para que o edifício tivesse a “certificação ambiental LEED Gold”: “Para nós eram aspectos centrais do projecto: a racionalidade construtiva, a flexibilidade espacial, o conforto térmico e acústico e uma boa prestação em termos energéticos.” Nesse sentido, foi desenvolvida uma fachada que responde a uma “ventilação natural”, colocaram-se painéis fotovoltaicos na cobertura e os próprios elevadores “são inteligentes, na medida em que a energia que produzem” ao andar para cima e para baixo é depois aproveitada para se alimentarem a si próprios.

No final da conversa, a arquitecta sublinha que pensar e desenhar o espaço público é um “privilégio” e verifica que na cidade de Lisboa têm-se desenvolvido vários projectos nesse âmbito: “As pessoas vivem mais fora porque também os espaços estão preparados para isso. (...) Não estamos só a falar do centro histórico, mas também [da zona] de Benfica e dos bairros que tiveram esta intervenção, [como é o caso do] Jardim do Caracol [da Penha] (...). [Esse projecto] alterou completamente a dinâmica da rua e de como é que as pessoas se deslocam. Penso que o caminho está a ser feito.”

Para saber mais sobre o projecto FPM 41 e a importância dos espaços públicos na cidade, ouça a conversa na íntegra.

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