“One last shot”
Com um ambiente incrível fora do campo, onde os portugueses eram uma enorme maioria dos 40.000 espectadores do jogo, dentro do campo o Portugal-Austrália foi um dos grandes momentos da história do râguebi português.
Como os jogadores não se cansam de dizer, entrámos em campo para competir. E competimos mesmo, frente a uma Austrália que, não nos esqueçamos, é uma das potências do râguebi mundial.
A capacidade da equipa portuguesa de competir fisicamente durante os 80 minutos, e a qualidade do jogo que apresentámos, mostra que a preparação para este mundial foi extremamente bem pensada e montada, e que Portugal é, nesta altura, uma equipa a ter em conta.
É claro que cometemos erros. E, talvez o que mais nos custou, foi não termos “abrandado” o jogo quando estávamos apenas com 14. Sofrer três ensaios em 10 minutos é muito penalizador para qualquer estratégia, e fez com que o fosso se tornasse irrecuperável face a uma Austrália que, ainda que em crise, conseguiu ir segurando o jogo.
Nota (muito) negativa para a equipa de arbitragem - inexplicavelmente liderada por um árbitro georgiano - que, na minha opinião, foi a mais fraca em campo. Uma vez mais, neste Campeonato do Mundo pareceu haver critérios diferentes conforme as decisões são contra as equipas de países “grandes” ou de países diferentes. Estou certo de que a World Rugby não deixará de olhar para aquilo que se está a transformar numa tendência e que, a continuar, choca frontalmente com os valores do râguebi que tanto prezamos.
Este fim de semana, temos as Fiji. E, uma vez mais, dos jogadores temos ambição e o objectivo é, claramente, a vitória. “Fartos de vitórias morais” ou “uma última tentativa para a vitória” são as frases que nos chegam do balneário dos “lobos” em mais uma prova que não temos medo de pensar alto.
Mas se um jogo contra esta equipa das Fiji seria sempre, para Portugal, o jogo mais físico deste Mundial, ter o jogo a fechar uma sequência de quatro semanas consecutivas de jogos de alta intensidade, ainda aumenta a dimensão do desfio.
Na defesa, a nossa estratégia terá de passar por ter uma organização defensiva inquebrável, com placagens muito eficazes (fijianos no chão rapidamente) e uma boa cobertura ao placador (para reagir rápido ao offload).
Por sua vez, no ataque, temos de ter a capacidade de explorar as nossas armas: boas fases de conquista, rucks rápidos que permitem uma boa reciclagem da bola, e uma capacidade elevada de dar bolas de qualidade aos nossos jogadores mais rápidos.
E, last but not least, manter um foco total e controlo emocional até a equipa das Fiji “quebrar”.
Desta forma, e mesmo contra a razão, contra as probabilidades e sem qualquer favoritismo a primeira vitória poderá mesmo acontecer.
E, para a despedida de alguns destes jogadores e treinadores, seria fechar com chave de ouro.
Pela última vez no Mundial, “é por Portugal”!