Brasil: mulheres negras ganham três vezes menos do que homens brancos no sector cultural

Levantamento do Observatório de Dados do Itaú Cultural indica que houve um aumento de empregos nas indústrias criativas em 2023.

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Concerto do cantor Jão no festival The Town, em São Paulo Adriano Vizoni/Folhapress
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Mulheres negras e com várias ascendências étnicas ganham, em média, três vezes menos do que homens brancos no sector cultural, de acordo com o levantamento do Observatório de Dados do Itaú Cultural que foi divulgado nesta segunda-feira.

Segundo o estudo, o salário médio dos homens brancos no sector industrial e criativo foi de 6000 reais mensais (1126 euros) no segundo trimestre de 2023. A média paga aos homens negros foi de 3500 reais (656 euros) e a dos homens com várias ascendências étnicas, 3700 reais por mês (694 euros).

A média do salário das profissionais brancas é de 3700 reais mensais (694 euros), das negras 2200 (412 euros), e das mulheres que misturam várias ascendências étnicas, 2000 (375 euros).

Jader Rosa, superintendente do Itaú Cultural, afirma que este cenário se mantém em comparação com o mesmo período do ano passado. “A economia criativa, assim como os demais sectores da economia, sofre influência da desigualdade social brasileira, expressa, entre outros factores, pela diferença salarial. Mapear e disponibilizar estes dados de maneira pública ajuda-nos a apontar a necessidade de mais políticas afirmativas e sensibilizar os sectores cultural e criativo para combater este problema”, diz.

Além da diferença salarial, há disparidade de raça, de acordo com a pesquisa do Itaú Cultural, que aponta para que a maioria dos trabalhadores das indústrias criativas é formada por brancos. Negros e grupos com várias ascendências étnicas somam 42% dos postos no sector.

Em relação ao género, há maior equilíbrio — 53% dos trabalhadores das indústrias criativas são homens e 47%, mulheres. Na economia como um todo, eles representam 57% das vagas e elas 43%.

Economia criativa é a área que reúne os sectores de cultura, moda, design, arquitectura, artesanato, comunicação, publicidade e outras especialidades.

O levantamento aponta um dado positivo: no segundo trimestre deste ano, houve um aumento de 188 mil postos de trabalho no sector em relação aos primeiros três meses de 2023. “Enquanto a economia como um todo viu o número de postos de trabalho crescer 1%, na economia criativa o salto foi de 3%, o que é um bom sinal”, afirma Jader Rosa.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S. Paulo

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