Como lidar com as doenças crónicas nos mais velhos
No Dia Mundial do Idoso, é importante sublinhar que um bom envelhecimento precisa de cuidados que proporcionem uma melhor qualidade de vida.
As doenças crónicas nos idosos são muito frequentes e a complexidade no tratamento das mesmas implica um conhecimento diferenciado por parte dos profissionais de saúde. Não chega apenas tratar as doenças, já que as particularidades destas pessoas exigem a aplicação de conhecimentos de vários especialistas, nos quais se incluem os gerontologistas e os geriatras.
As doenças podem ter várias origens, como por exemplo, as degenerativas do foro neurológico, resultantes de fatores genéticos, as alterações fisiológicas do envelhecimento ou mesmo a incapacidade do idoso em ultrapassar as barreiras naturais que se vão desenvolvendo nesta faixa etária.
Segundo os dados do inquérito realizado pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, mais de metade dos portugueses vive com pelo menos uma doença crónica, o que corresponde a 3,9 milhões de portugueses.
Existem algumas doenças crónicas, que pelas suas características são mais frequentes nos idosos e surgem na sequência de vários fatores, dos quais salientamos alguns aspectos mais relevantes que podem predispor a uma maior vulnerabilidade, quer seja pelas alterações próprios do envelhecimento, por diminuição da imunidade, por alterações neurológicas degenerativas ou até por fatores genéticos.
Temos vindo a notar um aumento significativo de doenças crónicas e pessoas com múltiplas patologias, que exigem uma complexidade de cuidados.
Podemos minimizar a possibilidade de aparecimento destas doenças modificando alguns fatores de risco, designadamente a obesidade, o tabagismo, o consumo de alimentos não saudáveis, a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas — e estimulando a prática regular do exercício físico.
Existem quatro pilares de sustentabilidade para uma vida saudável: a regularização do sono, a alimentação saudável, a higiene e o exercício físico. Assim, deveríamos dividir as 24 horas do dia em oito horas para trabalhar, oito horas para dormir e oito horas para sociabilizar.
Viver com doença crónica pode ter vários impactos no dia-a-dia, mas é possível conviver com ela, tendo qualidade de vida.
O que tem vindo a ser feito para melhorar esta qualidade de vida? Em primeiro lugar, a prevenção primária, que pretende minimizar ou mesmo eliminar os fatores de risco para os idosos. Nela estão incluídas as imunizações — vacina da gripe, da pneumonia, da covid —, e terapêuticas preventivas de muitas doenças crónicas, como sejam as cardiovasculares, a hipertensão, a diabetes e as doenças osteoarticulares.
A celeridade no diagnóstico é vital e deve ser feita com base nos primeiros alertas, mesmo antes de os idosos manifestarem qualquer sintomatologia. Incentivar as mudanças de estilo de vida com o objetivo de auxiliarem na prevenção das doenças crónicas mais frequentes, é uma necessidade iminente.
Por outro lado, a prevenção secundária procura identificar e tratar a doença na fase inicial, antes do aparecimento dos sintomas ou de perdas funcionais importantes, que possam refletir-se na diminuição da morbilidade e da mortalidade. Depois de identificada a doença crónica, que pode até ser assintomática, procura-se prevenir perdas funcionais futuras.
Promover as visitas domiciliárias destinadas a apoiar os idosos, ajudá-los na resolução dos seus problemas do dia-a-dia, criando as adaptações específicas em casa, fazendo as modificações necessárias de forma a que se sintam seguros, evitando por exemplo a probabilidade de quedas, que podem ser fatais se não forem prevenidas.
Sem dúvida que o acompanhamento médico regular assume especial relevância na prestação de cuidados aos idosos. O apoio médico regular, quando exercido de forma assertiva, vai ajudá-los a ter os comportamentos mais eficazes para reagirem perante os défices inerentes das patologias mais comuns. Os riscos podem ser minimizados utilizando diferentes tratamentos, como seja a fisioterapia em doenças crónicas degenerativas que provocam muitas vezes deformidades osteoarticulares e que limitam ou impedem mesmo a realização dos atos de vida diária mais comuns.
Para finalizar, é importante que nossos mais velhos saibam que devem procurar ajuda médica de imediato sempre que estiverem em risco de saúde, isto é, se a sua doença crónica estiver comprometida, se tiver incapacidade funcional ou comprometimento cognitivo.
Proporcionar um bom envelhecimento é oferecer cuidados de bem-estar e dignidade. Saber cuidar é ter conhecimentos técnico-científicos geriátricos e estar disponível para prestar assistência sempre que o idoso, precisar.
A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990