Muitos falam do impacto da Inteligência Artificial (IA) como um tsunami que nos vai engolir, mas a IA é uma onda da Nazaré que pode ser surfada, só temos de aprender e desenvolver competências para o fazer. Não temos outra hipótese. Ou aprendemos, ou aprendemos, porque a IA está em todos os ramos de actividades e do saber.
Se essas competências não forem desenvolvidas, o fenómeno IA poderá criar uma onda disruptiva, que irá afogar quem não a souber surfar. Logo, ficar na praia a assistir à sua passagem não é inteligente, nem seguro. Independentemente de ser um tema actual e amplamente discutido, a IA é um conceito que vem de 1950, com Alan Turing. Até há pouco tempo, era um assunto só para especialistas.
Hoje, o paradigma é outro e qualquer um pode operar plataformas e interfaces que são cada vez mais amistosas. Neste sentido, a grande conquista não é propriamente a IA, mas a evolução exponencial que permitiu a sua democratização e acessibilidade.
Tudo em IA tem sido exponencial: o número de empresas que a incorporaram, o número de patentes solicitadas e o número de pessoas que a usam. E em 2022 surgiu o Chat GPT, uma ferramenta que exemplifica essa evolução. Diferente das versões anteriores, o Chat GPT 4 não procura a informação na rede porque não está conectada à internet, tem 100 triliões de parâmetros, é uma machine learning, evoluiu em poucos meses, responde em segundos e somos todos nós que a estamos a ensinar. Parece magia.
A interacção Homem/máquina tem sido grande e continuada, mas para termos sucesso nesta compatibilidade e harmonização temos de desenvolver empatia digital. A empatia digital permite uma melhor comunicação entre humanos e máquinas e é essencial para optimizar as capacidades da IA.
Neste contexto, temos de compreender que a habilidade para comunicar é fundamental e que para obter respostas temos de aprender a fazer perguntas. Saber comunicar de forma eficiente com uma máquina não é, em nada, diferente da forma como devemos comunicar com outras pessoas e esta interface poderá ser exactamente uma oportunidade para melhorar a comunicação humana.
A IA pode aumentar a produtividade, operar sem interrupções e sem mudanças de foco, reduzir a possibilidade de erro, fazer uma permanente análise e avaliação dos dados para incorporar correcções, reduzir custos de produção, facilitar a aprendizagem, ser intergeracional e reduzir a complexidade tecnológica e os custos humanos.
Os pessimistas temem a substituição dos humanos por máquinas e os optimistas consideram que substituir os humanos aumenta a produtividade e gera mais riqueza. Como em tudo, os extremos são pouco realistas, pelo que temos que encontrar um equilíbrio sensato. A tecnologia com IA deve ser incorporada como uma adição e complementaridade, não como uma substituição do humano. As pessoas não serão ultrapassadas pela IA, mas por pessoas que sabem trabalhar com IA.
Provavelmente no futuro, num planeta de máquinas, cheio de "homo artificialis", criados pelo homo sapiens, quem tem emoções é rei. Se não reforçarmos a evolução dos valores humanos, lado a lado com a IA, provavelmente os pessimistas terão razão.
Segundo o Fórum Económico Mundial, a automatização criará desemprego para 85 milhões de pessoas e criará emprego para 92 milhões. Logo, haverá emprego para os humanos, alguns que ainda não sabemos que irão existir. Muitos empregados serão, no futuro, empreendedores e milhões serão treinados para as novas funções.
Por este motivo, a educação e a formação devem ser a chave mestra dos países e das empresas. A IA não retirará emprego às profissões que exigem criatividade humana, o humano é que deverá aliar-se à IA para criar e ser mais produtivo.
A IA oferece em simultâneo oportunidades e desafios, exige a nossa atenção e compreensão, mas estão reunidas as condições para uma coexistência harmoniosa entre a Humanidade e a tecnologia, desde que o condutor seja sempre o Homem. Não é possível parar a evolução tecnológica, mas é possível fazer esta evolução com responsabilidade e ética.