As Mulheres de Tróia, de Pat Barker: as testemunhas

Um livro excelente na forma como descreve o dia-a-dia em momentos-chave da História.

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É notável como Pat Barker fala do quotidiano a partir da História David Levenson/Getty Images
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A Guerra de Tróia, mito, lenda ou realidade, foi o primeiro grande embate entre o Oriente, civilizado, rico, culturalmente avançado, e o Ocidente dos reis gregos, bárbaros, ferozes, cada um mais orgulhoso do que o outro. Os dez longos anos do confronto, como foram descritos por Homero – quem quer que ele tenha sido – estabeleceram as bases de inúmeras narrativas que moldaram a nossa civilização. Na Ilíada e na Odisseia – tal como no famoso escudo de Aquiles – é-nos apresentada uma cosmogonia que engloba tanto o mundo físico como o universo das paixões humanas. Ficamos a saber tudo sobre a terra e a poeira, o mar e os seus caprichos, tempestades, ventos e marés, sobre tácticas de guerra, sobre a solidariedade e o espírito de corpo entre os guerreiros, sobre os fortes laços familiares e as regras de conduta, sobre o desejo erótico, sobre o medo e sobre a fúria da Natureza, sobre a intervenção dos deuses, sobre o destino e, principalmente, sobre a morte como derradeira luxúria, num cenário apocalíptico de horror e violência. Poucas descrições da desumana realidade da guerra se assemelham às da Ilíada.

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