Calor
Em Phoenix, o alcatrão das ruas chegou aos 65ºC. Esta câmara de infravermelhos prova-o
Foram 31 dias seguidos de temperaturas acima dos 43ºC. Nas ruas, algumas as superfícies estavam tão quentes que chegaram aos 62ºC.
Julho foi o mês mais quente de sempre no mundo inteiro e em Phoenix, no Sudoeste dos Estados Unidos, não foi diferente. As temperaturas subiram de tal forma que a cidade bateu o seu próprio recorde, de 1974, de maior número de dias de onda de calor. Há mais de 50 anos, os termómetros estiveram acima dos 43ºC durante 18 dias consecutivos. Desta vez, foram 31 dias.
O FLIR (Forward Looking InfraRed), câmara que detecta radiação infravermelha, mostra o calor que se fazia sentir na cidade no final de Julho, quando o betão das ruas registava 66°C, os corpos dos trabalhadores que estavam ao ar livre 41°C e as pessoas sem-abrigo sufocavam, rodeadas por superfícies tão quentes que atingiam os 62°C.
Para quem pode pagar um ar condicionado, Julho foi o mês ideal para o utilizar. Antes das 10h da manhã, o Jardim Botânico do Deserto, um dos locais mais apreciados da cidade, registava 44°C. No entanto, segundo a câmara de infravermelhos, um cacto mostra que a temperatura à superfície é de 49°C. Ao meio-dia, estão 42,7 ºC, e à superfície, quase 66ºC.
No entanto, ainda há quem arrisque dar um passeio pela rua. Os trabalhadores da construção civil bebem água para suportar o calor e as pessoas sem-abrigo procuram locais climatizados.
Os profissionais de saúde dizem que os hospitais têm estado sobrecarregados com doentes que sofreram insolações, e, em certos casos, correram risco de vida. "Tivemos doentes com 43,6ºC. O cérebro não aguenta isso durante tanto tempo", explica à Reuters o médico Frank LoVecchio, do Hospital Universitário Valleywise Health. O calor provoca também perda de memória e é prejudicial para quem sofre de doenças como a diabetes, bem como problemas pulmonares e cardíacos.
As noites em Phoenix chegaram aos 32ºC e as chuvas de verão, que ajudam os habitantes e a vegetação a refrescarem-se, foram tão escassas que os cactos começarem a morrer.
O condado de Maricopa registou 39 mortes associadas ao calor até ao final de Julho, mas mais de 300 estão a ser investigadas para determinar se também foram causadas pelas elevadas temperaturas.