Guerra na Ucrânia
Militares ucranianas testam finalmente uniformes feitos para mulheres
Após queixas das militares ucranianas sobre uniformes masculinos que as atrapalham no campo de batalha, começaram a ser testados equipamentos feitos para mulheres.
Cerca de 60 mil mulheres fazem parte do exército ucraniano, das quais cinco mil estão nas unidades de combate, de acordo com dados da embaixada dos EUA. Mas desde o início da invasão russa, as militares lutam também por equipamentos feitos para corpos femininos, que não as incomodem ou prejudiquem na frente de batalha.
Têm sido distribuídos uniformes, calçado e até roupa interior masculina às mulheres que se juntaram às forças armadas. As combatentes estão a usar uniformes e protecções mal adaptadas, tropeçam em sapatos que são demasiado grandes e faltam-lhes pensos higiénicos, que muitas vezes ficam de fora das caixas doações e kits de emergência.
Uma militar, Alina Pyrenko, revelou à Agence-France Presse que quando se juntou às forças armadas esteve sem uniforme durante dois meses e que as fardas que começaram a ser concedidas eram feitas para corpos de homens e por isso precisavam de ser alteradas.
Não foi a primeira vez que os uniformes das militares receberam atenção. No ano passado, as autoridades ucranianas foram alvo de críticas durante as preparações para o 30º aniversário da independência da Ucrânia. As fotos publicadas de um ensaio do desfile militar mostravam alunas de uma faculdade militar a marchar de salto alto, calçado que, segundo o Ministério da Defesa da Ucrânia, fazia parte do uniforme feminino para paradas militares. As imagens motivaram protestos de deputadas do parlamento ucraniano.
O uniforme desapropriado prejudica a mobilidade e o conforto das militares na frente de batalha, e por esse motivo a iniciativa Arm Women Now criou e pretende distribuir milhares de uniformes feitos para mulheres. Estão também a ser desenvolvidas roupas interiores apropriadas para missões de combate.
O equipamento feminino já começou a ser testado num campo de treino em Kiev. Um grupo de soldados fez um percurso de obstáculos e treinou com rifles para testar os novos uniformes e perceber se conseguem combater de forma eficiente e mais segura. A fundadora do projecto, Iryna Nykorak, membro do parlamento ucraniano, diz estar em negociação com o ministro da Defesa para fornecer os novos uniformes como escolha padrão para as mulheres no exército.
No início do mês, o ministro da defesa da Ucrânia afirmou estarem a testar armaduras corporais e capacetes feitos especificamente para mulheres. Os modelos podem vir a ser adoptados "se e quando" forem considerados apropriados.
A falta de condições levou também o grupo de voluntariado Zemliachky a produzir e distribuir botas, uniformes, produtos de higiene, placas antibalas, roupa interior, e uma série de bens necessários para mulheres militares.