O “turista-vândalo” que cravou uma declaração de amor num dos muros do Coliseu de Roma, escreveu uma carta com um pedido de desculpas, que enviou a três instituições italiana, alegando que “não sabia que era um monumento antigo”.
O episódio aconteceu no final do mês passando, quando um turista não identificado – e que agora se sabe ser Ivan Dimitrov, instrutor de fitness de origem búlgara a residir em Bristol, Inglaterra –, gravou o seu nome e o da namorada no milenar anfiteatro italiano ("Ivan+Hayley 23"). O momento foi filmado por outro turista, e rapidamente se tornou viral, depois de ser publicado no Reddit.
A carta, que foi dirigida ao presidente da câmara Roberto Gualtieri, à Procuradoria de Roma e ao município, parece demonstrar o arrependimento do jovem de 31 anos. Mas as autoridades acham “surreal”, de acordo com informação avançada pelo jornal italiano Il Messagero, que alguém desconheça a história e importância daquele que é não só um dos monumentos mais emblemáticos da cidade, como do mundo.
“Consciente da gravidade do gesto cometido, gostaria, com estas linhas, de apresentar as minhas mais sinceras e honestas desculpas aos italianos e a todo o mundo pelos danos causados a um bem que, na verdade, é património de toda a Humanidade”, escreveu o instrutor de fitness.
Segundo o jornal, esta carta partiu da recomendação de Alexandro Maria Tirelli, o advogado que está a defender Ivan: “O rapaz é o protótipo de turista estrangeiro que acredita que é quase tudo permitido em Itália, mesmo o tipo de acções que seriam severamente punidas no seu país de origem. Considerei essencial fazer com que o nosso cliente compreendesse o valor moral de [escrever] uma carta de desculpas" à Itália e "às instituições da cidade.”
Ainda assim, o instrutor arrisca-se a uma multa que pode ir dos 2500 aos 15 mil euros, além de poder enfrentar uma pena que pode ir de dois a cinco anos de prisão. O advogado de Dimitrov diz que pretende “levar o caso até ao sistema judicial”, em conjunto com as autoridades do Coliseu, com o intuito de “conseguir uma punição adequada" quando o caso chegar a tribunal.
Este não é o primeiro acto de vandalismo conhecido no monumento, muito pelo contrário. Por exemplo, em 2014, um turista russo foi multado em 20 mil euros e condenado a uma pena suspensa de quatro meses, depois de cravar a letra K num dos muros do Coliseu. Seis anos depois, um turista irlandês também foi apanhado pelos agentes de segurança enquanto gravava as iniciais do seu nome num dos pilares.
O Coliseu de Roma, também chamado de Anfiteatro Flávio, começou a ser construído no ano 71 d.C., no reinado do imperador Vespasiano, e serviu de palco para as lutas dos gladiadores, que chegavam a ter 50 mil espectadores. A construção é considerada uma das sete maravilhas do mundo.
Texto editado por Luís J. Santos