As autoridades italianas têm vindo a reforçar cada vez mais as regulamentações criadas para defender praias em risco. E também a fiscalização e a aplicação de multas. Como têm vindo a descobrir vários turistas que decidem não respeitar as regras relativas às praias protegidas.
Recentemente, na famosa Spiaggia Rosa (praia rosa) da ilha de Budelli, na Sardenha, seis pessoas foram multadas e cada uma foi obrigada a pagar uma coima de 300 euros.
Para reforçar a defesa da tão desejada praia, a Itália deu por cima: foi anunciado que quem pisar o areal, arrisca-se a pagar uma multa que pode chegar aos 3500 euros.
Esta é uma forma de tentar preservar e proteger o ambiente natural de uma das ilhas que faz parte do arquipélago de La Madallena, situado a nordeste da Sardenha. Além de Budelli e a ilha que dá nome ao conjunto, Madalena, encontram-se entre as principais a Caprera, Santa Maria, Santo Stefano, Spargi e Razzoli. A fauna e a flora locais são protegidas e parque natural nacional, já desde 1996.
A praia rosa não passa despercebida aos mais ávidos de cenários com chancela paraíso ou instagram, graças às suas características particulares: os fragmentos que sobram dos corais, das conchas e dos moluscos, são transportados pelo mar até à superfície e dão a tonalidade rosa ao areal.
É uma zona com acesso proibido aos turistas, e quem quiser conhecer e admirar o local, só o pode fazer à distância, e de barco. Mas muitos visitantes não resistem a pisar as areias cor-de-rosa e a tirar algumas fotografias. Pior e ainda mais proibido: alguns querem levar areia da praia como souvenir e acabam por descobrir que a decisão lhes pode sair muito caro.
E foi por isso que as autoridades começaram a vigilância mais cedo (no ano passado só tinham começado em Julho). Citado pela agência de notícias italiana Ansa, o director do parque nacional de La Maddalena Giulio Plastina, avançou que as autoridades estão na área “para prestar informações sobre as regras e proibições” impostas. Além disso, quem pensar em deslocar-se até à praia, deve fazer a reserva atempadamente, ou então, pagar no próprio dia uma “autorização acrescida de 40%”.
Ao jornal regional La Nuova Sardegna, o comandante da guarda costeira portuária de La Maddalena, Renato Signorini, aconselhou os visitantes a conhecerem as regras em vigor “para um uso pacífico e respeitoso do meio ambiente e para toda a comunidade”. Quem não conhece, está sujeito a ser apanhado, o que, por exemplo (e com multa exemplar), aconteceu a um praticante de pesca desportiva, na área marinha protegida de Capo Testa Punta Falcone, em Santa Teresa. Neste caso, a multa foi de 1,344 euros, segundo a informação avançada pelo jornal italiano.
Há mar e mar e regras a respeitar
Olhando para a costa italiana, podemos encontrar várias praias de acesso restrito. Na ilha de Caprera, o caminho para Cala Cotticio e Cala Brigantino tem de ser acompanhado com um guia credenciado pelo parque nacional de La Maddalena, e o pagamento é de três euros por pessoa. Além disso, cada uma destas praias só pode ter 60 visitantes por dia, uma regra em vigor desde o ano passado.
As limitações estendem-se para lá da Sardenha. Na ilha de Baunei, por exemplo, o número de turistas tem sido controlado ao longo dos anos, mas este Verão as regras vão ser mais apertadas.
No caso das praias de Cala del Gabbiani e Cala Biriala, só são permitidos 300 visitantes por dia. A praia de Cala Goloritze, em que o acesso é feito a pé ou de barco, o limite vai ser de 250 pessoas, com um pagamento de seis euros por turista.
Em Cala Mariolu, que é a maior praia da ilha de Baunei, a lotação é de 700 visitantes, e é cobrado um euro por cada passageiro que chega de barco.
Para visitar qualquer um destes locais, só é necessária reserva com pelo menos 72 horas de antecedência, através da aplicação Heart of Sardinia.
A ilha de Lampedusa, na Sicília, é também palco das atenções turísticas: as tartarugas marinhas fazem a desova na praia de Isola dei Conigli. E quem quiser visitar esta praia, tem de fazer reserva através de um site local, sujeito à lotação máxima de 350 pessoas de manhã e outras 350 à tarde. Levar colchões de água ou objectos flutuantes é uma das proibições.
Em La Pelosa, na península de Stintino, as restrições em vigor já são aplicadas desde 2020. Existe um limite máximo de 1500 turistas por dia, e um pagamento de uma taxa de 3,50 euros para cada. As toalhas de praia são proibidas, assim como fumar ou levar os cães para passear.
Editado por Luís J. Santos