Covid longa: uma realidade cada vez mais presente

Fadiga persistente, dificuldades respiratórias e de concentração, dores musculares e articulares, distúrbios do sono, ansiedade e depressão são os sintomas mais comuns da covid longa.

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Mensagens escritas no Muro Nacional do Memorial da Covid, em Londres Reuters/TOBY MELVILLE
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O mundo enfrentou uma pandemia devastadora que trouxe consigo não apenas preocupações imediatas, mas também um novo conjunto de desafios de saúde a longo prazo. Enquanto muitos doentes recuperaram da covid-19 com sintomas leves a moderados, um número significativo experimenta uma doença conhecida como Condição pós covid-19 ou também mais simplesmente chamada covid longa, na qual os sintomas persistem por semanas, meses e, em alguns casos, vários anos.

De acordo com uma recente revisão sistemática da literatura, estima-se que a prevalência da covid longa possa ser de 43% a nível mundial. De facto, a Organização Mundial da Saúde reportou que 17 milhões de pessoas na Europa experimentaram covid longa durante os primeiros dois anos da pandemia. As variantes do SARS-CoV-2 continuam em circulação e o risco de complicações pós-agudas permanece.

O sexo feminino, os sintomas e gravidade da fase aguda, hipotiroidismo, obesidade, hipertensão e asma pré-existentes poderão ser fatores de risco para a condição pós-covid-19. Por outro lado, a reinfeção aumenta o risco de covid longa e a vacinação parece oferecer proteção.

Identificar a covid longa pode ser um desafio, uma vez que os sintomas variam amplamente, de pessoa para pessoa. É também muito provável que muitos doentes não tenham a noção que possam estar afetados pela doença ou até que os seus sintomas tenham sido desvalorizados por alguns profissionais. Atualmente, existem alguns questionários, exames e biomarcadores que podem ajudar a confirmar o diagnóstico, mas, muitas vezes, os sintomas podem ser comuns a outras doenças que existiam previamente à covid-19, tornando mais difícil o diagnóstico.

Os sintomas mais comuns incluem fadiga persistente, dificuldades respiratórias, "névoa cerebral"/dificuldades de concentração, dores musculares e articulares, distúrbios do sono, ansiedade e depressão. À semelhança de outros quadros pós-virais e síndromes de fadiga crónica, alguns doentes com covid longa referem episódios de palpitações intensas e tonturas, outros um quadro de mal-estar pós-esforço em que descrevem um “colapso” ou “esgotamento”, após um pequeno esforço mental ou físico e que acontece algumas horas ou dias depois.

Todos estes sintomas podem ser ligeiros ou muito debilitantes, tendo um impacto tal, que limitam drasticamente a atividade das pessoas, ao ponto de ficarem acamadas ou perderem o próprio emprego.

Embora os mecanismos exatos da covid longa ainda estejam a ser estudados, as investigações mais recentes indicam que o vírus SARS-CoV-2 pode causar inflamação persistente, desencadear respostas imunológicas anormais e danificar órgãos vitais como o coração, os pulmões e o cérebro. Esses efeitos contribuem para os sintomas duradouros, observados em pessoas com covid longa.

O tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, com o objetivo de aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Na maior parte dos casos, sugere-se a prescrição de vários suplementos, medicamentos para o controle da dor e sono, anti-inflamatórios, suporte psicológico e reabilitação respiratória. Além disso, a adoção de um estilo de vida saudável, incluindo alimentação equilibrada, atividade física adequada e descanso adequado, também é fundamental para a recuperação. Em todo o mundo decorrem múltiplos ensaios clínicos para identificar novas moléculas ou novas intervenções mais eficazes para esta doença, pelo que existe muita esperança no futuro próximo.

A covid longa apresenta um conjunto complexo de desafios para os doentes exigindo uma abordagem holística e atenta. À medida que os esforços de pesquisa continuam, é essencial que estes doentes recebam o apoio e tratamento adequados, para lidar com os sintomas persistentes.

Juntos, como sociedade, podemos enfrentar com toda a nossa resiliência mais este desafio a pandemia que nos deixou!


O autor escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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