Em Setúbal, uma casa que dá corpo e alma aos vinhos da Península
A Casa da Baía, na Avenida Luísa Todi, é uma das salas de visita de Setúbal – tanto da cidade como da região. Lá dentro está uma loja que é uma montra dos vinhos da Península.
É certo que não se deve julgar um livro pela capa, nem uma garrafa pelo rótulo, se bem que na hora de visitar a Casa da Baía fica-se, desde logo, conquistado pela fachada. Um imponente edifício azul datado da primeira metade do século XVIII (funcionou durante décadas como orfanato municipal) ao qual é difícil resistir à tentação de entrar, mesmo para quem não sabe ao certo o que poderá encontrar lá dentro.
O que é difícil, convenhamos. Basta uma pesquisa rápida na internet ou uma breve conversa de rua para se ler ou ouvir dizer que este é, desde a inauguração (em 2011), um dos espaços de referência da cidade, capaz de concentrar no mesmo local um posto de turismo, um Centro Interpretativo do Roaz do Estuário do Sado (dedicado à comunidade de golfinhos da baía de Setúbal), uma esplanada onde se fazem concertos, cafetaria e loja de vinhos. Tudo a conviver em harmonia, com muita cor e boa entrada de luz.
Desengane-se, contudo, quem pensa tratar-se de um local para turistas. A loja de vinhos é o exemplo disso mesmo. Com mais de 40 produtores e cerca de 300 referências, tornou-se um ponto de encontro tanto para forasteiros como para os setubalenses, afinal estão aqui “produtores que não há nos supermercados e as pessoas gostam de ter algo diferenciado”, garante Teresa Patrão, responsável pela loja e pela cafetaria. “Há clientes que já sabem o que querem e outros que pedem o nosso conselho”.
O que mais sai é, sem surpresa, o Moscatel (o Moscatel de Setúbal e o Moscatel Roxo de Setúbal), logo seguido do tinto – ainda Teresa: “Costumamos dizer que vinho tinto está sempre vendido” –, se bem que a procura dos brancos cresça consideravelmente no Verão. Mas há muito mais por onde escolher, nomeadamente licores, gin e uma série de referências de bebidas generosas e espirituosas oriundas de pequenos produtores.
Como a Palmanhac, a história de uma família de arménios que se enamorou pela Península de Setúbal e produz aguardente de limão, laranja e morango; ou a Adega Lima Fortuna, responsáveis pelo Arrabidine (licor que conserva a receita secreta dos antigos Monges da Arrábida) e pelo Bicabagaço, que, tal como o nome indica, junta num trago esse património luso: o café e a aguardente. Conhecidas as suas histórias, é quase impossível não ficar com vontade de comprar uma garrafa e, acto contínuo, visitar as quintas.