No País dos arquitectos: Portugal apresenta “Fertile Futures” na Bienal de Veneza

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No 61.º episódio do podcast No País dos Arquitectos, Sara Nunes (da produtora de filmes de arquitectura Building Pictures) desloca-se até à Bienal de Arquitectura de Veneza para falar com a arquitecta Andreia Garcia, a curadora do Pavilhão de Portugal. O país está representado pelo projecto Fertile Futures, centrado na problemática da escassez de água doce e na busca de soluções para a gestão e distribuição dos recursos hídricos.

Andreia Garcia explica que o projecto apresentado por Portugal desenvolve-se numa “acção tríptica”: a exposição Fertile Futures (que pode ser visitada no Pavilhão de Portugal, no Palácio Franchetti, até 26 de Novembro), as Assembleias de Pensamento (onde podem ser discutidos pontos de vista políticos divergentes) e o Seminário Internacional de Verão (que terá lugar no Fundão).

No programa Fertile Futures foram seleccionadas várias regiões do território nacional, apresentando modelos propositivos em sete hidrogeografias portuguesas. Cada uma das sete salas trabalhou um espaço que Andreia Garcia vai descrevendo, ao longo da entrevista: “A ideia é que todas as propostas acabem por conferir alguma esperança.”

O Ilhéu Atelier criou um cenário fictício para o futuro da Lagoa das Sete Cidades, o maior reservatório de água doce no arquipélago dos Açores: “Eles sugerem que as vacas sejam retiradas no seu contacto directo com o solo (...) e que haja um objecto da arquitectura vernacular, (...) que vai ser utilizado para guardar a vaca (...). Propõem uma espécie de preservação do território e de protecção dos efeitos nefastos que neste momento vive [pelo processo de eutrofização].”

O Ponto Atelier apresenta uma hipótese para a problemática das aluviões das Ribeiras Madeirenses e da urbanização não planeada: “Há pouco falava da água como o maior continente e neste contexto isso está muito explícito. Na maquete [que está presente na sala] isso também acaba por surgir pela sua ausência. É absolutamente esmagador, eu diria, a própria relação do nosso corpo, enquanto público transeunte na exposição, com o corpo da maquete.”

O Corpo Atelier foca-se na hidrogeografia do Rio Mira, onde através do arquétipo de um aqueduto se reflecte sobre a desigualdade do acesso à água: “[Trata-se] de um ensaio, em desenho, em colagem e em maquete (...), que alerta para a ausência da regulação deste sistema. Ou seja, utiliza o aqueduto que é pensado para distribuir democraticamente [a água], mas que possivelmente já não está a ser utilizado para esse fim.”

A Oficina Pedrêz traz respostas para o futuro da Albufeira do Alqueva, o maior lago artificial da Europa: “Eles apresentam um protótipo de uma máquina que é o artefacto para a regeneração do solo. É um objecto construído em aço, mas que (…) [transmite a] ideia do arquitecto ser um viajante no tempo. Ele encontra-se daqui a 50 anos neste mesmo território e encontra uma paisagem que se manteve e cujas partes destruídas se (...) regeneraram.”

A arquitecta activista Guida Marques reflecte sobre o impacto da indústria mineira no Médio Tejo e mostra a sua arquitectura-manifesto: “É um exercício de coragem porque é uma voz muito pessoal, muito directa. (...) [Nessa sala é exibido um filme, onde] a própria arquitecta aparece desnuda. (...) É um corpo em movimento, mas que reage a uma vontade de habitar. (...) Começa com uma revolta, mas (...) sugere um futuro expectante e possível.”

O Dulcineia Santos Studio apresenta o Douro Internacional, uma região “de uma relação de interdependência entre Portugal e Espanha”. Dulcineia Santos mostra “o potencial do chão”, num território em crescente despovoamento: “[A equipa da arquitecta fez] a replicação das raízes do freixo, a pontuar a proximidade com as linhas de água, que é uma árvore cujas raízes são o maior reservatório de água que podemos ter.”

Por último, Andreia Garcia fala da resposta que os Space Transcribers trazem para a Bacia do Tâmega, “o principal recurso de uma das maiores instalações de energia hídrica verde da Europa”: “É a dimensão mais lúdica da exposição. É um jogo, uma performance que aparece jogada no documentário (...). Também apresentam um conjunto de ‘hidro-artefactos’ (...), que permitem criar relações de proximidade e de identificação com as problemáticas da distribuição e da gestão da água.”

Durante a conversa, a arquitecta lembra a importância desta edição da bienal contar com uma equipa jovem e multidisciplinar: “Uma sensibilização, uma consciencialização para esta problemática não se faria de forma estruturante se não tivéssemos aqui essa geração representada.”

No final, Andreia Garcia deixa uma reflexão: “O que mais posso identificar aqui é a importância, o quão premente é nós – enquanto arquitectos e no nosso exercício de arquitectura – estarmos profundamente sensibilizados e consciencializados para as questões ecológicas na arquitectura.”

Podem saber mais sobre a representação portuguesa na Bienal de Veneza e a reflexão que o projecto Fertile Futures traz para um mundo mais sustentável, equitativo e colaborativo, ouvindo a entrevista na íntegra.


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