Andar de moto depressa é (muito) mais difícil do que parece
A BMW Motorrad Experience, realizada no Autódromo do Estoril, serviu para conhecer a gama da marca, mas também foi uma grande lição de humildade: andar depressa e bem é muito, mas mesmo muito difícil.
Há convites que um motociclista tem dificuldade em recusar: conduzir motos de alta cilindrada durante uma manhã inteira no Autódromo do Estoril está nessa lista.
O pretexto foi a BMW Motorrad Experience, que decorreu no segundo fim-de-semana de Maio, uma operação de marketing da marca alemã que, durante três dias, dá a rara oportunidade a centenas de convidados — jornalistas, concessionários, clientes e influencers — de testar as motos da marca em diversas modalidades.
Além da hipótese de conduzir os modelos da marca, o que já só por si é bom de fazer, o chamariz acaba por ser, para boa parte, a pista de corridas. Podemos ver nesta experiência várias dimensões. Permitam-me que destaque duas: uma prática, que é a oportunidade de acelerar sem medo de multas, buracos no asfalto ou trânsito a vir de frente; e a outra, mística, o facto de terem corrido neste circuito grandes pilotos de F1 (Senna, Schumacher, Mansell, Prost) e MotoGP (Rossi, Lorenzo).
As voltas em pista acontecem guiadas por pilotos, com grupos separados por níveis de experiência. Por ser a primeira vez, este que vos escreve calhou, e bem, no grupo “lento” — os iniciados dão passagem aos grupos mais experientes e rápidos.
Essa meia dúzia de voltas no Estoril, além de muito divertida, serviu como uma espécie de lição — fundamentada por uma outra que aconteceu em Madrid ao volante de um carro —, que é perceber que andar depressa, como fazem os pilotos de corridas, é muito, muito difícil, exige trabalho árduo e, seguramente, um talento que poucos têm.
O piloto que nos guiou nessas voltas não precisou de se esforçar. Ele nem sequer travava ou punha o joelho no chão para se fazer à curva; atrás, tive de me empenhar para me aproximar dele. Mas o nosso guia foi bastante generoso com os maçaricos, dando indicações para rodar atrás dele para nos ensinar a fazer as “linhas” — termo usado para designar os trajectos em pista, ou seja, os pontos onde a moto deve estar para cumprir a melhor trajectória.
Não saímos dali mais sabedores das artes da corrida, mas saímos, seguramente, a perceber o quão difícil é correr em cima de uma moto. Vemos os atletas do MotoGP a conduzir com rapidez e elegância, mas não vemos o tempo de trabalho, coragem e talento que são precisos para fazer aqueles tempos extraordinários.
O mesmo se pode dizer dos que preferem a terra ao alcatrão. A BMW Motorrad preparou também para esse fim-de-semana uma experiência todo-o-terreno para mostrar as potencialidades dos diferentes modelos GS, com instrutores da casa a explicar que para andar na terra temos de dizer ao corpo para fazer o contrário do que aprendemos para a estrada. Uma vez mais, é mais fácil ver do que fazer.
O evento, que cumpriu neste ano a 16.ª edição, deu também aos 1200 participantes a oportunidade de testar a perícia com obstáculos e, como não podia deixar de ser, uma volta em estrada pelas imediações de Sintra com um dos 28 modelos BMW ali disponíveis. Um elemento da organização contou-nos que o Experience é, para alguns participantes habituais, o “evento do ano”. Um ano passa depressa.