Silenciosa, hipertensão arterial suscita e convoca responsabilidade a cada um de nós

A nível mundial, o número de adultos com hipertensão arterial entre 30 e 79 anos aumentou de 650 milhões para 1,28 mil milhões nos últimos 30 anos.

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A hipertensão é vulgarmente conhecida como uma patologia silenciosa DR/Mufid Majnun via Unsplash
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Em Portugal, existem cerca de dois milhões de hipertensos, de acordo com os dados do Programa Nacional das Doenças Cérebro-Cardiovasculares.

A nível mundial, o número de adultos com hipertensão arterial entre 30 e 79 anos aumentou de 650 milhões para 1,28 mil milhões nos últimos 30 anos, de acordo com a análise global abrangente das tendências na prevalência, deteção, tratamento e controle da hipertensão — liderada pelo Imperial College London e OMS e publicado na revista The Lancet (vol. 398 de 2021).

O estudo usou dados de aferição e tratamento da pressão arterial de mais de 100 milhões de pessoas com idade entre 30 e 79 anos, em 184 países, entre os quais Portugal, cobrindo 99% da população global, o que o torna a revisão mais abrangente das tendências globais em hipertensão até aos dias de hoje.

A hipertensão é vulgarmente conhecida como uma patologia silenciosa, geralmente sem qualquer sintoma, que ataca a saúde cardiovascular. Mesmo sem sintomas visíveis de hipertensão é, pois, importante investir na sua prevenção, através de medições regulares da pressão arterial e adoção de hábitos de vida saudáveis, privilegiando uma alimentação com pouco sal, poucas gorduras e rica em fruta e legumes; abstenção total de hábitos tabágicos; prática de exercício físico (marcha moderada e energética durante 30 minutos), três a cinco dias por semana; controle do consumo excessivo de bebidas alcoólicas e, finalmente mas não menos importante, evitar situações de tensão e/ou stress.

Quem está tenso volta a fumar, tem menos ânimo para as atividades físicas, come mais para compensar a ansiedade, fica obeso e eleva o colesterol e a pressão arterial. Além disso, a pressão arterial elevada tem clara ligação com a intranquilidade e a agressividade contida, que se volta contra a própria pessoa.

O McKinsey Global Institute (MGI) publicou em 2020 um relatório (Prioritizing health: A prescription for prosperity) onde assinala a importância de dar prioridade à saúde, considerando esta como a receita para a prosperidade. Entre outros, tal relatório conclui que à medida que os países emergiram da crise da covid-19, há uma oportunidade única para repensar o papel da saúde do coração num futuro pós-pandémico. Fazer da saúde uma verdadeira prioridade de vida com o foco na adoção de estilos de vida saudáveis e na prevenção de doenças designadas de “silenciosas”, nomeadamente do foro cardiovascular, de modo a melhorar a resiliência das pessoas, reduzir e promover maior bem-estar individual, social e económico.

Neste sentido, e em alinhamento com a própria OMS, partilhamos a ideia central de que cada indivíduo deve participar nas decisões que lhe dizem respeito sobre o seu estilo de vida, tornando-se, deste modo, responsável pela sua própria saúde, ouvindo os sinais que emergem do seu coração.

De facto, a magia da vida dá-nos sinais que chegam do coração: bate mais forte se tivermos medo, dá-nos alertas sobre a nossa saúde; e quando chegar ao fim bate fraco, em surdina até deixar de se ouvir, partindo o coração de quem um dia ocupou o nosso.


A autora escreve segundo o Acordo Ortográfico de 1990

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