Mantendo a tradição, Biden planeia não ir à coroação de Carlos

A decisão de Biden de não estar em Londres no próximo dia 6 de Maio não é invulgar, outros presidentes fizeram-no anteriormente.

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Espera-se que Jill Biden represente o Presidente norte-americano nas cerimónias de coroação do Carlos III, a 6 de Maio CHENEY ORR/Reuters/Arquivo

O Presidente Biden não deverá marcar presença na coroação de Carlos III, em Maio. Em seu lugar, a primeira dama, Jill Biden, chefiará a delegação norte-americana que se deslocará ao Reino Unido, de acordo com fontes familiarizadas com o processo.

A decisão de Biden de não comparecer à coroação de 6 de Maio não é invulgar, dizem os funcionários da Casa Branca, que falaram na condição de anonimato, porque a viagem ainda não foi anunciada. Nenhum presidente dos EUA participou na coroação de um monarca britânico, e para a última coroação — a de Isabel II, em Junho de 1953 — o Presidente Dwight D. Eisenhower enviou uma delegação no seu lugar.

Em Setembro, Biden juntou-se à extensa lista de líderes mundiais, em Londres, para assistir ao funeral da rainha. Então, o embaixador britânico nos EUA disse estar convencido que seria a primeira vez que um Presidente dos EUA assistira a um funeral de estado no Reino Unido.

Ainda assim, enquanto dezenas de líderes mundiais vão a Londres, há comentadores britânicos de direita que criticam Biden, acusando-o de desdém à monarquia e à "relação especial" entre os EUA e o Reino Unido.

"Parece bastante negligente, e sinto-me tentado a dizer que é idiota não vir", declara Bob Seely, do membro dos conservadores, no Parlamento britânico, ao Telegraph. "Este é um acontecimento único na vida, e faria sentido ele vir porque é um chefe de Estado." A Casa Branca recusou-se a comentar.

Carlos já disse que quer uma cerimónia moderna e elegante, em contraste com a coroação da sua mãe, que durou cerca de três horas. Contudo, todo o fim-de-semana será de festejos, com desfiles, festas de rua e piqueniques.

Desde que Carlos subiu ao trono, em Setembro, Biden ainda não se reuniu com o rei e faltar à coroação pode revelar-se embaraçoso, especialmente porque o Presidente norte-americano viajará para a Irlanda do Norte, um dos reinos do rei, e para a Irlanda, a sua pátria ancestral, nos próximos dias — uma viagem durante a qual não se espera que se encontre com Carlos.

Durante a sua viagem a Belfast, Biden assinalará o 25.º aniversário do Acordo de Belfast, que na sua maioria pôs fim a 30 anos de violência sectária entre católicos pró-Irlanda e protestantes pró-Bretanha. A sua viagem virá uma semana antes de uma série de líderes — incluindo Carlos, o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak, o ex-presidente Bill Clinton e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton — planeiam estar em Belfast para as celebrações oficiais.

Após a sua paragem em Belfast, Biden viajará pela Irlanda, uma visita que se espera que seja leve nos compromissos diplomáticos, para permitir que o Presidente possa conhecer a pátria dos seus antepassados. Biden, cuja família emigrou da Irlanda para o outro lado do Atlântico, tem um profundo afecto pelo país. Cita regularmente poesia irlandesa, admite que tem um temperamento irlandês e é rápido a falar sobre a sua linhagem irlandesa.

"Como muitos de vós sabem, eu, como todos vós, tenho orgulho na minha ascendência irlandesa", declarou Biden na celebração do último Dia de São Patrício, na Casa Branca. "E desde que me lembro, tem sido uma espécie de parte da minha alma."

A Casa Branca ainda não anunciou formalmente a viagem de Biden à Irlanda do Norte e à Irlanda, mas os funcionários compararam a parte da Irlanda da viagem a uma que Biden fez em 2016, perto do fim do seu mandato como vice-presidente de Barack Obama. Biden, acompanhado dos seus irmãos, da sua filha e de alguns dos seus netos, passou seis dias na Irlanda, o que incluiu paragens nas cidades de onde são originários.

Nas próximas semanas, a Casa Branca espera anunciar a sua delegação oficial para a coroação de Carlos. A delegação para a coroação de Isabel II incluía Earl Warren, então governador da Califórnia, e Omar Bradley, presidente dos Chefes do Estado-Maior Conjunto.

Oficiais americanos e britânicos dizem que Biden e Carlos têm um bom relacionamento, e notam que Biden encontrou-se com o então príncipe Carlos em Novembro de 2021, durante a cimeira climática COP26 em Glasgow, Escócia, onde o Presidente elogiou o empenho de Carlos em combater as alterações climáticas.

No mês passado, Biden encontrou-se com Sunak em San Diego à margem de um evento conjunto com o primeiro-ministro australiano Anthony Albanese. Os três líderes anunciaram um novo plano para os EUA e o Reino Unido para abastecer a Austrália com submarinos movidos a energia nuclear para contrariar a crescente influência da China na região.


O jornalista William Booth, do The Washington Post, em Londres, contribuiu para esta notícia.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong

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