Nesta retrosaria do Bolhão pregaram-se mais de oito mil botões ao tecto

A instalação foi feita por amigos e familiares dos proprietários da Central dos Forros, loja de 1950 agora remodelada pelo arquitecto Miguel Melo.

João Morgado
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João Morgado

Foi na década de 1950 que abriu a Central dos Forros, uma loja que vende botões, novelos, tecidos e outros materiais úteis para a costura. Com porta aberta junto ao Mercado do Bolhão, no Porto, a retrosaria não ficou indiferente à renovação do edifício e, como explica o arquitecto Miguel Melo, responsável pelo projecto, “fazer uma remodelação era quase obrigatório, por fazer parte de um edifício classificado”.

O principal objectivo da obra era modernizar o espaço, torná-lo mais funcional e preservar a sua essência, mas o grande desafio foi “conciliar um orçamento reduzido com a necessidade de expor uma variedade inacreditável de produtos”, acrescenta Miguel Melo. No entanto, foi entre a confusão e desorganização de artigos que nasceu o maior destaque da loja: o tecto de botões.

“Quando fui visitar a loja e ver como funcionava, apercebi-me da dificuldade que ia ser expor tantos produtos num espaço tão pequeno. Quando percebi que eles tinham milhares de botões, que não iam utilizar nem vender, surgiu a ideia de fazer um objecto com uma vertente mais artística, um tecto todo com botões. Foi esse o início do projecto”, conta o arquitecto.

Além de ser um elemento de destaque que chama a atenção de muitos turistas, o tecto composto por mais de oito mil botões foi construído com a ajuda de familiares e amigos dos proprietários, tornando o projecto ainda mais pessoal.

Para renovar a loja de 27 metros quadrados foram utilizados apenas três materiais: o ferro para a estrutura metálica do edifício, a madeira e a cerâmica azul do pavimento. As paredes já desgastadas pelo tempo foram mantidas mas com uma nova cor, o bege, que também foi utilizado nos armários. A paleta de cores do bege, azul e vermelho foi escolhida por respeitar a versão a original da loja.

Para organizar melhor o espaço, os dois pisos restantes foram transformados num armazém e num escritório. O arquitecto revela ter encontrado uma “organização desorganizada” e explica que eram muitos produtos para um espaço tão pequeno, daí a necessidade de “ter um mobiliário que fosse versátil para em simultâneo ter novelos, tecidos, botões ou outra coisa qualquer”. A nova Central dos Forros conta ainda com uma contribuição do escultor Paulo Neves que criou quatro peças em madeira inspiradas nos botões, que podem ser vistas na montra e no interior da loja.

“Trouxe uma nova vida ao espaço e uma harmonia que não tinha antes”, confirma ao P3 o dono da loja, João Ricardo Lobo. Apesar de o arquitecto lhes ter “dado algum trabalho a colocar tantos botões no tecto”, brinca, “ficou muito bem, no final, foi mágico”. 

João Morgado
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