O animal de Inês Faria: “O Scott é energia em forma de cão”
Conhecê-los é conhecer a relação que têm com os animais. A actriz Inês Faria já não imagina a sua vida sem o seu bulldog francês Scott: “Parece que sente, vê e ouve tudo”.
“O Scott foi o meu primeiro animal de estimação. Fui buscá-lo quando, no início da pandemia, fui viver sozinha. Sempre quis ter um animal de estimação, mas devido aos horários de trabalho dos meus pais, nunca tinha conseguido e, naquela altura, comecei a pensar seriamente nessa possibilidade. Pesei os prós e os contras durante quase um ano e meio e, nesse processo, também pensei que talvez fosse melhor ter um gato primeiro, por serem mais independentes. Mas acabei por ir buscar o Scott com três meses e ganhei um novo inquilino cá em casa! Agora já tem dois anos, feitos em Dezembro.
Dei-lhe o nome Scott por ser um nome curto e que não é humano. Lembro-me de andar a pesquisar listas de nomes para cães e quando vi Scott, olhei para ele e chamei-o. Ele reagiu e pensei “é isto”!
O Scott é energia em forma de cão. É muito carente e é extremamente teimoso, uma característica da raça dele. Tem uns olhos muito expressivos e parece que vê, ouve e sente tudo como uma pessoa. É um cão muito calmo no que toca a fazer asneiras, só me roeu coisas cá em casa quando era mesmo muito pequenino. Depois disso, nunca fez as necessidades em casa, nem nunca destruiu nada! É só extremamente teimoso, como já referi. E tenho de ter um grande jogo de cintura por vezes, porque não pode ser tudo à maneira dele...
Passamos muito tempo juntos e uma das coisas que mais fazemos é passear. O Scott é um cão com muita energia e, como moro num apartamento, acabamos por ir os dois passear pelo menos três vezes por dia. Por norma damos um passeio de 15 minutos de cada vez. Por ele estávamos sempre a brincar. Adora uma corda e um urso que tem lá por casa, especialmente quando consegue que estejamos um de cada lado a puxar. O problema são os meus braços contra os 20 quilos de força bruta dele.
Sempre que vamos à rua ele acaba por se relacionar com outros animais mas, tal como as pessoas, há animais com os quais se dá bem e há outros que nem por isso. No entanto, considero que a primeira interacção é sempre muito importante e se for feita como deve de ser, o Scott fica confortável e sem medo. Também vai, desde pequeno, para a creche e isso ajuda muito no processo de sociabilização do animal.
Nos últimos dois anos partilhei muitos momentos bons com o Scott. Ele faz-me rir imenso com certos comportamentos e atitudes que tem e consegue tornar um dia mau para mim, num dia bem melhor. Somos muito felizes juntos. Ele até dorme no meu quarto. Tem uma cama própria, mas está no meu quarto. Só que é um cão que ressona bastante e às vezes, a meio da noite, tenho de o ir mudar de posição para conseguir dormir. Já aconteceu, numa bela noite em que eu estava sem forças para me levantar, fazer um barulho sonoro para ver se ele parava de ressonar mas, em vez disso, achou que era para brincar e acabei com o focinho dele na minha cara, o que me fez rir muito sozinha.
Nem tudo é um mar de rosas. O Scott já foi atacado no meio da rua por cães que estavam a ser passeados sem trela três vezes e, de todas as vezes, apanhei um susto gigante.
O Scott não é só o meu cão, é um amigo e já me ensinou muita coisa. Aprendi acima de tudo o que é ter um ser vivo que depende de nós para sobreviver. E aprendi o que é o amor de um animal, com tudo o que isso implica, algo que nunca tinha experienciado antes e que é, de facto, algo maravilhoso.
Para já não penso ter mais animais. Estou a começar a gostar de gatos, mas acredito que estamos bem só os dois agora. No entanto, acho fundamental que o assunto seja pensado seriamente e não de forma leviana e muito menos por um capricho momentâneo. Falando de um cão, que é com o que estou mais familiarizada, é um ser que precisa de muita atenção, paciência, carinho e disponibilidade de horários. Não acho justo ter um cão que fica sozinho o dia inteiro. Um cão dá trabalho, é indiscutível. E tem muitos encargos associados. Eles só têm amor para nos dar, temos de ser nós a tomar consciência daquilo que conseguimos ou não dar-lhes."
Depoimento construído a partir de entrevista por email.