Vamos poder pisar, de meias, o chão onde Carlos III será coroado
A 6 de Maio, Carlos tornar-se-á o 40.º monarca a ser coroado na abadia — e o primeiro em 70 anos. A sua cadeira de coroação ficará no intricado chão em frente ao altar-mor da Abadia de Westminster.
Se quer sentir-se como o rei Carlos III, agora pode ser a sua oportunidade: durante o Verão, alguns visitantes da Abadia de Westminster, em Londres, poderão estar no próprio local onde o novo monarca será coroado, num raro mosaico italiano inacessível ao público há décadas.
O único senão? Terão de andar de meias.
A abadia, que tem sido o local de casamentos e funerais reais, anuncia que será a primeira vez que os visitantes poderão caminhar sobre o pavimento Cosmati, um mosaico contendo mármore, pedra, vidro e metal que data do século XIII.
A 6 de Maio, Carlos tornar-se-á o 40.º monarca a ser coroado na abadia — e o primeiro em 70 anos. A sua cadeira de coroação ficará no intricado chão em frente ao altar-mor da abadia.
O pavimento Cosmati estava "escondido debaixo do tapete e, portanto, longe da vista pública a partir da década de 1870", até à conclusão das obras de restauração em 2010, diz a abadia — o que faz com que seja a primeira vez em mais de um século que o mosaico único estará em exposição durante uma coroação.
As visitas com direito a pisar os mosaicos terão lugar pouco depois da coroação de 6 de Maio, em dias seleccionados entre 15 de Maio e 29 de Julho. Os visitantes terão de retirar os seus sapatos para evitar danificar o mosaico — e devem lembrar-se de trazer meias, uma vez que os pés descalços também não são permitidos por razões higiénicas, de acordo com a abadia.
Então, quanto custará ficar no local onde o rei Carlos será coroado? Os visitantes terão de pagar cerca de 18 euros para pré-reserva, mais uma taxa de até 33 euros para entrar na abadia.
Infelizmente para muitos fãs da monarquia, todas as datas já esgotaram, mal os bilhetes foram colocados à venda. Mas, a esperança é a última a morrer, o gabinete de imprensa da abadia confirmou que quaisquer bilhetes cancelados serão revendidos.
"Devido ao significado histórico e importância do pavimento, e à necessidade de manter a sua condição para o futuro, a Abadia só tem sido capaz de oferecer estes passeios em número limitado", disse o gabinete de imprensa numa declaração por e-mail.
Os visitantes ainda podem participar noutros eventos que a abadia organizou para assinalar a coroação, incluindo uma exposição, e um chá especial de coroação à tarde.
As atitudes em relação à monarquia variam significativamente na Grã-Bretanha. Uma sondagem do ano passado sugeriu que dois terços das pessoas sentiam que o Reino Unido deveria continuar a ter uma monarquia, mas que os mais jovens eram muito menos favoráveis do que as gerações mais velhas.
Na quinta-feira, a abadia foi visitada por manifestantes anti-monárquicos, que se colocaram no pavimento Cosmati, usando sapatos, enquanto desvelavam uma faixa onde se lia: "Votariam nele?"
"Não há símbolo que represente melhor a farsa fundamental da nossa democracia do que o trono de coroação na Abadia de Westminster", publicou no Twitter o grupo Republic, que faz campanha pela abolição da monarquia.
We just put ourselves right where Charles will be on May 6. In the Abbey, where the throne will be standing.
— Republic (@RepublicStaff) March 23, 2023
There is no symbol that better represents the fundamental travesty of our democracy than the coronation throne in Westminster Abbey. #NotMyKing pic.twitter.com/KwY7XVqZLO
O pavimento Cosmati, encomendado pelo rei Henrique III e com o nome da família italiana que criou a técnica, foi concluído em 1268, de acordo com a Abadia de Westminster. Durante décadas, o mosaico foi escondido por tapetes — inclusive durante a coroação de Isabel II em 1953 e do seu pai, George VI, em 1937 — mas voltou a surgir em 2010, depois de os trabalhadores terem completado dois anos de trabalho de conservação.
Desde então, o público tem podido ver, mas não pisar, o pavimento.
Além de representar uma parte fundamental da história real da Grã-Bretanha, a abadia alberga os túmulos de alguns dos nomes mais famosos da Grã-Bretanha, incluindo os cientistas Charles Darwin e Stephen Hawking, e os autores Rudyard Kipling e Charles Dickens.
Os preparativos para a coroação de Carlos estão em curso há meses, desde a alteração da Coroa de São Eduardo de ouro sólido, com as suas centenas de jóias, até à encomenda de uma nova canção de coroação, composta por Andrew Lloyd Webber.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução: Bárbara Wong