Vermeer: retratos da alma
Na maior exposição de sempre de Vermeer, o Rijksmuseum reúne 28 dos 36 quadros conhecidos do mestre neerlandês. A mostra é um acontecimento único, com uma lotação de 450 mil visitantes já esgotada.
“Uma beleza suficiente por si só”. Depois de ter lido esta frase do seu amigo e crítico de arte Jean-Louis Vaudoyer, Marcel Proust, nos seus tempos perdidos, foi ver Vista de Delft e decidiu matar a sua personagem Bergotte (um escritor como ele) de êxtase perante o belo. Antes de o matar, Proust concedeu-lhe as últimas palavras: “Era assim que eu devia ter escrito. Os meus últimos livros são demasiado secos. Devia ter-lhes aplicado várias camadas de cor, para tornar a minha frase, em si mesmo preciosa, como esta pequena parte da parede amarela.” O que ele foi escrever! O tout Paris, na transição do séc. XIX para o XX, em pleno enamoramento com os seus vanguardistas, encontrou em Vermeer a sua alma gémea e encarregou-se de o elevar ao Olimpo de Manet, Pissarro, Degas, etc. Foi essa sofisticada intelligentsia parisiense que o salvou do esquecimento.
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