Violência no namoro: metade dos jovens acha que é legítimo controlar os parceiros

Mais de dois terços dos adolescentes legitimam pelo menos uma forma de violência no namoro, como o controlo ou a violência sexual, mostra o Estudo Nacional sobre Violência no Namoro da UMAR.

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Metade dos adolescentes acha que controlar o parceiro é legítimo no namoro Getty Images

Metade dos adolescentes não considera que controlar o parceiro é uma forma de violência e um terço acha legítimo pegar no telemóvel ou entrar nas redes sociais sem autorização e insultar o outro durante uma discussão. Estas foram algumas das formas de legitimação da violência no namoro identificadas no inquérito anual da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), que sondou 5916 adolescentes, maioritariamente entre o 7.º e o 12.º anos de escolaridade, e que foi divulgado nesta terça-feira, Dia dos Namorados.

Os rapazes apresentam maiores níveis de legitimação para todas as formas de violência, seguidos pelas pessoas que se identificam com outras identidades (intersexo e identidades trans). Pressionar para dar um beijo à frente dos amigos, por exemplo, é legítimo para 40,9% dos rapazes e para 21,4% das raparigas, mostra o estudo, cujos inquiridos têm uma média de idades de 15 anos.

A violência psicológica marcou os primeiros namoros de 45,1% dos jovens que disseram já ter tido uma relação de intimidade, enquanto 14,9% dos adolescentes foram vítimas de violência sexual.

A violência física é uma linha vermelha mais fácil de perceber do que a violência psicológica, a violência através das redes sociais ou a sexual, mostra o estudo.

“Os indicadores de vitimação, de um modo geral, apresentam números preocupantes entre jovens, nomeadamente quanto a comportamentos de violência psicológica e de controlo”, resume o estudo. Os números são particularmente gritantes nas pessoas com outras identidades, “o que leva a uma importante reflexão sobre as experiências de violência vividas por grupos sociais com características identitárias não normativas”.

A UMAR, que interrompeu o Estudo Nacional sobre Violência no Namoro durante os dois anos de pandemia de covid-19, considera que há “um longo percurso a fazer para a prevenção da violência na intimidade ao longo da vida”.

A organização ressalva que são necessários estudos qualitativos que permitam diferenciar melhor as percepções dos jovens, para se perceber, por exemplo se legitimam os comportamentos de violência ou se os consideram mesmo “normais”.

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