“Não fui encontrar Bolsonaro, não houve trama”, garante secretário de Segurança exonerado

Anderson Torres, que está de férias na Florida, como o ex-Presidente, foi demitido este domingo pelo governador do Distrito Federal após o vandalismo golpista em Brasília.

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Anderson Torres quando era ministro da Justiça do Governo de Jair Bolsonaro ADRIANO MACHADO/Reuters

Exonerado no fim da tarde deste domingo por causa do vandalismo golpista que invadiu Brasília, Anderson Torres, responsável pela segurança do Distrito Federal, disse à Folha de S.Paulo que o governo do distrito fez devidamente o "planeamento" em função da manifestação de bolsonaristas.

Ex-ministro da Justiça do Governo Jair Bolsonaro, Anderson Torres viajou de férias para os Estados Unidos no sábado, tendo acompanhado a invasão de Brasília à distância, desde a cidade de Orlando, na Florida.

Membros do Governo Lula, integrantes da nova direcção da Polícia Federal e ministros do Supremo Tribunal Federal atribuem ao agora ex-secretário de Segurança Pública os problemas deste domingo. E defendem que a responsabilização seja dura.

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Reuters,Carolina Pescada

"Não houve leniência, é a primeira vez que tiro férias em muito tempo. O planeamento foi feito", garantiu à Folha.

O ex-ministro também afirmou que há mentiras que estão a ser contadas sobre ele: "Não vim para os EUA para encontrar Bolsonaro. Não me encontrei com ele em nenhum momento. Estou de férias com a minha família. Não houve nenhuma trama para que isso [a invasão da Praça dos Três Poderes] ocorresse".

Quando deixou o Brasil, nas vésperas da tomada de posse de Lula, Bolsonaro viajou para Orlando, a mesma cidade onde Torres diz estar a passar férias.

A proximidade de Torres a Bolsonaro e sua actuação à frente da Justiça no Governo do ex-presidente foram alvo de constantes críticas por parte do Partido dos Trabalhadores, agora no poder. O próprio Lula criticou Torres na declaração feita na tarde deste domingo.

"O secretário de Segurança dele [governador Ibaneis Rocha], todo mundo sabe a fama dele de ser conivente com as manifestações", afirmou o Presidente brasileiro.

Anderson Torres é também alvo de críticas de juízes do Supremo Tribunal Federal. Chegou mesmo a entrar na mira do juiz Alexandre de Moraes em alguns dos inquéritos sobre suspeitas de crimes cometidos no Governo passado, entre eles um sobre a live nas redes sociais de Bolsonaro, a 29 de Julho de 2021, em que o então Presidente atacou a segurança das urnas electrónicas.

Anderson Torres é membro da Policial Federal e deve agora ser reintegrado nessa força policial.

Exclusivo PÚBLICO/Folha de S.Paulo

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