Há mais de 50 mil famílias a viver em condições indignas na Grande Lisboa
Há 6700 famílias que vivem em núcleos precários na área metropolitana de Lisboa, revela um estudo sobre as carências habitacionais das famílias dos 18 municípios de Lisboa.
Existem 50.417 famílias, que correspondem a mais de 140 mil pessoas, a viver em condições habitacionais indignas na área metropolitana de Lisboa (AML). Este valor representa 4% do número de agregados da região. Estas famílias enfrentam condições habitacionais indignas, seja por estarem numa situação de carência financeira, precariedade, sobrelotação e inadequação (quando, por exemplo, alguém com mobilidade condicionada vive num quarto andar sem elevador). Mais de 26 mil agregados vivem mesmo em situações consideradas de insegurança e de insalubridade.
Os dados foram divulgados esta terça-feira na apresentação do diagnóstico sobre condições habitacionais indignas na região encomendado pela AML. O estudo conclui que cerca de 20% das famílias gastam mensalmente mais de 400 euros com a renda da casa (ou prestação), excluindo contas de luz, água, gás, entre outros encargos. Para muitas famílias, esse montante representa um esforço de mais de 40% do seu rendimento, o que, para os autores do estudo, coloca em risco o desenvolvimento futuro da AML.
Consta também no diagnóstico que mais de 6700 agregados residem em núcleos precários e mais de 2800 em núcleos degradados. Do total das famílias que vivem em condições indignas, 31% vive em habitações públicas dos municípios ou de IPSS, como por exemplo a Santa Casa da Misericórdia.
À escala metropolitana, estima-se que 62% dos agregados (cerca de 945 mil pessoas) estejam em risco de não conseguir aceder a uma habitação com melhores condições: “Resta-lhes a manutenção da residência que ocupam, mesmo que inadequada”, salienta o estudo.
No final da sessão, que se realizou na Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa, a secretária de Estado da Habitação, Marina Gonçalves, declarou que o Estado tem de “garantir que a população viva em condições dignas”, sublinhando a necessidade de reforçar “o parque habitacional público”. Este representa apenas 2% da habitação das famílias em Portugal. A governante reiterou ainda que o Estado tem de assegurar “que os municípios consigam dar resposta” às necessidades habitacionais das populações, uma vez que o direito à habitação “é um direito universal”.