Interior. Noite. Um restaurante de Campo de Ourique, Lisboa. Podia ser um filme, e é de filmes que invariavelmente acabamos a falar. O grupo reunido era numeroso e distribuía-se por três mesas. Estávamos ali para em seguida irmos à inauguração de uma exposição de artes plásticas. Muitas pessoas não se conheciam, mas todas conheciam o Pedro (o artista) e o Miguel (o anfitrião). Na minha mesa a conversa iniciou-se pelas viagens, tema sobre o qual pouco tenho a dizer. Falei de Nova Iorque, onde estive em duas ocasiões vai para 30 anos. Dali estendemo-nos pela América, de costa a costa, e o nome de Vincent Gallo veio à baila. “Qual era aquele filme onde ele fazia um prisioneiro de guerra que se evadia e era perseguido?” Recebo estas intervenções como imperativos, e fiquei a matutar na pergunta pelo menos 15 minutos até me lembrar do nome do realizador, e outros 15 até se fazer luz sobre a obra em questão. Foi cerca de meia hora em que, enquanto pensava (porque não possuo um desses telemóveis inteligentes que sabem tudo), estava distraído com a conversa que fluía entre gente simpática e interessante, os petiscos excelentes que morriam ao baixar à mesa, e o vinho branco que oleava as meninges enferrujadas deste cinéfilo.
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