Uma longa vida não se descreve, ninguém a vê passar
Tudo na autora de A Sibila é reinvenção, fulguração, pensamento vivo, brincadeira desconcertantemente séria, “desordem e travessura”. Uma obra nada menos do que genial.
1. Maria Velho da Costa conta que viu “a família Cavaco entrar em Belém, em peso, a pé, como quem dá início a uma nova dinastia”. Não esteve lá, mas viu na televisão as imagens da tomada de posse do ex-Presidente da República, em Março de 2006. É numa obra escrita a quatro mãos com Armando Silva Carvalho, sob a forma epistolar, que relata como entreviu Agustina, “o nosso último génio literário vivo […] entre as multidões.” E com alguma ironia interroga-se sobre o que a autora de A Sibila diria ao novo presidente: “Que gnomo do Norte, ser irracional ou bacante ela levaria consigo para lhe dizer ao ouvido a natureza interior e cúpida de tantos circunstantes?” (O Livro do Meio). Estas observações assinalam uma certa presença habitual de Agustina em eventos palacianos, no quadro da cena política, sublinhando-se a propalada voz oracular da escritora. Mas interessa-me destacar outro ponto: a genialidade da autora de Os Incuráveis, referida por Maria Velho da Costa, que foi apontada por distintas e insuspeitas vozes, de José Saramago a Manoel de Oliveira ou António José Saraiva.
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