Perseverança: a fuga da negação
Há uma dimensão confessional ao longo destas 140 páginas que contêm um lado testamentário. A morte de Serge Daney estava à porta.
Publicado, em França, em 1994, dois anos depois da morte de Serge Daney, Perseverança surge com o subtítulo “entrevista com Serge Toubiana”, também ele crítico dos Cahiers du cinéma, que partilhou a direcção da revista com Daney a partir do final de 1973. Amigo próximo, apercebeu-se do desejo que Daney tinha por escrever um livro que não se limitasse a compilar as suas críticas para revistas e jornais (como havia sido La rampe, de 1983, editado logo após trocar os Cahiers pelo Libération), mas que traduzisse o seu pensamento sobre a imagem (por oposição ao visual), numa reflexão sobre o cinema, a cinefilia, a crítica, a televisão e a publicidade, mas também a viagem, a infância, o sexo e a falta de religião (ou, numa palavra, errância, “é certamente o meu destino de homossexual, o homem das multidões, o judeu errante ao engate que só tem o seu próprio corpo para lhe obedecer, um corpo de que ele não cuida”).
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