Cotrim de Figueiredo: diferença entre Montenegro e Rio é “de estilo”

Presidente da Iniciativa Liberal apela ao actual líder do PSD para ser mais “claro” na relação com o Chega.

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João Cotrim de Figueiredo, presidente da Iniciativa Liberal (IL), apela a que Luís Montenegro seja mais “claro” sobre alianças com o Chega. Até agora, diz, a única diferença entre o actual líder do PSD e o anterior, Rui Rio, é de “estilo”. Está disponível para alianças com o PSD se este mostrar “vontade reformista” e admite eleições intercalares em Lisboa onde vê Carlos Moedas condicionado pelos “barões locais” do PSD e CDS.

Nos Açores, a IL tem o acordo de incidência parlamentar com o Governo do PSD, que admite agora rasgar se for chumbada uma proposta na extinção de institutos públicos na área da agricultura. É uma hipótese a IL chumbar o orçamento regional nos Açores?
Quando se celebra um acordo, fazemos intenção de cumprir. Esperamos que o outro lado faça igual intenção de cumprir. A partir do momento em que uma das partes falha, a outra tem o direito de dizer que o acordo não está válido. Já não é a primeira vez que é necessário empurrar um bocadinho o PSD nos Açores para cumprir aquilo que estava previsto no nosso acordo.

Desta vez, trata-se da fusão de organismos, que consta de um dos dez pontos do nosso acordo, a racionalização do chamado “sector público empresarial regional”. Aparentemente, nem é tanto o PSD que está a resistir, são os parceiros do PSD, CDS e PPM. Entenda esta posição da IL como uma forma de ajudar o PSD a ultrapassar a resistência do CDS e PPM.

Há sondagens que começam a dar uma soma do PSD com a IL ao nível do PS. Estaria disponível, se assim for, para uma coligação pós-eleitoral apenas com o PSD?
A resposta é inequivocamente sim, se reconhecer no PSD algo de que ainda não tenho total certeza se é verdade, que é uma vontade reformista forte e que isso se traduza, na prática, na adopção de duas das quatro reformas estruturais de que há pouco falava.

Nota alguma diferença entre o PSD de Luís Montenegro e o de Rui Rio?
Noto diferença de estilo, sobretudo.

Já teve algum contacto com Luís Montenegro?
Não, não tivemos contactos formais. Tivemos contactos de circunstância e acho que há condições para fazermos um caminho comum se o PSD reconhecer que temos uma capacidade de atingir determinadas camadas da população, nomeadamente as mais dinâmicas, as mais jovens, e que isso é um activo político fundamental para transformar Portugal e que haja realmente reformas efectivamente liberais quer seja na fiscalidade, na saúde, na educação, na administração pública e na segurança social.

E sobre o Chega acha que o PSD está a ser claro?
Gostava que o PSD fosse tão claro como nós, que dizemos com toda a clareza que não haverá entendimentos, nem pré nem pós-eleitorais. É importante que uma alternativa ao PS, se precisar de viabilização parlamentar do Chega, seja um problema que é colocado à porta do Chega. Eles é que têm de ficar com o ónus de viabilizar ou não.

Mas se for necessário o Chega, para formar governo ou um acordo de incidência parlamentar, a IL não entra?
Não. Não haverá entendimentos com o Chega de nenhuma forma e feitio relativamente à constituição de um futuro governo alternativo ao PS.

Relativamente ao Chega, nota diferença entre esta liderança do PSD e a anterior?
Relativamente à candidatura do Chega à vice-presidência da AR, onde o PSD se mostrou disponível, vi isso com mais naturalidade do que as questões de incidência eleitoral. Fazemos uma distinção total entre aspectos institucionais e aspectos políticos. Um partido com representação na AR tem o direito de nomear um vice-presidente. Não deve haver ostracização porque aqueles votantes eleitores do Chega são tão portugueses como quaisquer outros. Já houve vice-presidentes do Bloco de Esquerda, do PCP, que também não são partidos que se recomendam.

Na Câmara de Lisboa, há um ano, a IL não elegeu vereador. Que avaliação faz da gestão de Carlos Moedas ao fim do ano?É uma gestão esforçada, mas que acaba por não produzir os resultados que pretendia porque está demasiado dependente dos aparelhos dos partidos que o apoiaram.

O próprio PSD está a minar Carlos Moedas, é isso?Sabemos que há dificuldades em fazer passar pelos barões locais do PSD coisas que a vereação de Carlos Moedas queria passar. Quando invoquei este risco para dizer que não apoiava Carlos Moedas e preferia apresentar um candidato próprio, isso foi visto como uma espécie de desculpa. Se lhe perguntarem, tenho a certeza que Carlos Moedas será o primeiro a confirmar.

Muitos falam agora por causa dessa dificuldade em eleições intercalares. Se isso acontecer, pondera uma coligação com Carlos Moedas?O normal é que voltemos a falar e vamos ver se há circunstâncias diferentes para que a decisão final seja diferente.

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