Crise política e económica leva a nova remodelação no Governo argentino

Três mulheres assumem as pastas do Trabalho, do Desenvolvimento Social e da Mulher. Os protestos contra aumentam no meio da crescente crise económica.

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O Presidente Alberto Fernández com Victoria Tolosa Paz, que assume agora a pasta do Desenvolvimento Social AGUSTIN MARCARIAN/Reuters

O Presidente argentino, Alberto Fernández, voltou a remodelar o seu executivo, nesta segunda-feira, depois de uma semana marcada pela saída de vários ministros, tendo nomeado três mulheres para liderar os ministérios do Trabalho, do Desenvolvimento Social e da Mulher, no meio de uma profunda crise económica que desencadeia protestos por todo o país.

A deputada federal Victoria Tolosa Paz substituirá Juan Zabaleta no Ministério do Desenvolvimento Social, enquanto Raquel Olmos, economista e vice-presidente do Banco de Investimento e Comércio Exterior (BICE), assumirá a pasta do Trabalho.

Ayelen Mazzina, actual secretária da Mulher, Diversidade e Igualdade na província de San Luis, assumirá o cargo de ministra da Mulher. Substituirá Elizabeth Gómez Alcorta, que renunciou em oposição ao despejo de um grupo de mulheres indígenas mapuche de terras na região sul da Patagónia.

Gómez Alcorta, que antes de assumir o cargo havia trabalhado como advogada de defesa de um líder mapuche, havia criticado, na passada quinta-feira, tanto o despejo como a posterior prisão de seis mulheres mapuche, uma das quais grávida, na província de Rio Negro. “É extremamente grave que os detidos não tenham tido direito advogado e não tenham sido libertados”, disse a antiga ministra em comunicado.

A extensa região da Patagónia, que a Argentina compartilha com seu vizinho Chile, é frequentemente palco de confrontos com comunidades mapuche que reivindicam direitos sobre terras ancestrais detidas pelo Estado ou por grupos privados. A porta-voz do Governo argentino, Gabriela Cerruti, defendeu na quinta-feira a operação, que foi realizada após uma ordem judicial.

“Foi feita em conformidade com todos os protocolos e sem o uso de armas letais”, disse Cerruti numa conferência de imprensa. “Não houve violação dos direitos das pessoas lá”, acrescentou.

Também durante o mês de Julho, os empresários argentinos exigiram um consenso político e uma cooperação de todos os sectores-chave da economia depois da demissão do ministro da Economia, Martín Guzmán, substituído por Silvina Batakis, no âmbito de divisões internas no Governo de Alberto Fernández.

Em comunicado, a Confederação Argentina de Médias Empresas (CAME) expressou preocupação com o cenário actual e pediu ao poder executivo que avance com “um plano estrutural que garanta previsibilidade e certeza” ao sector empresarial, em particular às pequenas e médias empresas, que são a “principal alavanca da recuperação económica e produtiva do país”.

“A renúncia do ministro requer uma reacção política rápida e a cooperação de todos os sectores-chave na economia do país”, disse o presidente da CAME, Alfredo González. O representante do sector empresarial alertou que é “necessário evitar que a actual situação afecte a recuperação que implica tanto esforço por parte dos sectores produtivos”.

“Nesse sentido, acreditamos que é imperativo reforçar políticas que garantam previsibilidade para as pequenas e médias empresas comprometidas em investir na Argentina”, acrescentou.

Esta mudança no Governo ocorre menos de três meses depois de o Presidente ter reorganizado alguns ministérios, nomeando Sergio Massa como o “superministro” da economia da Argentina, na tentativa de conter o agravamento da crise económica.

Em nota, o Governo disse que as novas ministras são “mulheres de diferentes idades, origem geográfica e larga experiência” que farão parte do Governo “com o objectivo de aprofundar a amplitude de olhares e a eficiência da gestão”.

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