Com manchas na pele normalmente grossa e crostas e arranhões nos corpos, os ursos-negros na Virgínia sofrem de uma doença de pele altamente contagiosa e com prurido que se está a espalhar entre mais animais e para uma área geográfica maior.
As autoridades dizem que a doença, conhecida como sarna, é causada por ácaros e este ano está a aparecer mais nos ursos-negros. Já foi detectada anteriormente no estado, mas só recentemente começou a alastrar-se a mais áreas. Especialistas disseram que não têm a certeza do que está a causar esta propagação.
Durante anos, autoridades da Virgínia receberam relatórios de casos esporádicos de sarna em ursos nos condados de Frederick e Shenandoah. Mas desde 2018 que tem havido um aumento na “frequência e propagação geográfica” da doença na população de ursos-negros do estado, que é de cerca de 18 mil.
As autoridades disseram que neste Outono estão a receber relatos de mais ursos com sarna em 18 condados, a maior parte no noroeste do estado. Também foram reportados casos de sarna em ursos-negros em Warren, Loudoun, Prince William, Culpeper e Fauquier. As autoridades disseram que, desde 2018, tem havido aproximadamente 120 a 150 relatos de ursos com sarna no estado todos os anos.
"Não sabemos porque é que os ursos se tornaram tão susceptíveis a esta doença”, disse Katie Martin, uma bióloga de veados, ursos e perus do departamento de recursos de Vida Selvagem da Virgínia. A especialista indica que a sarna pode ter impacto noutros animais selvagens como coiotes e raposas, mas não tem havido um aumento de casos entre esses animais.
A sarna faz com que os ursos fiquem com um péssimo aspecto. Aqueles que têm “infecções graves” emagrecem porque têm tanta comichão devido aos ácaros que deixam de comer e acabam por morrer devido à fome, disse Martin.
Os ursos podem coçar-se tanto que ficam com feridas abertas, que, se infectadas, podem causar doença e morte, disseram os especialistas. Outros ursos apenas apanham um leve caso de sarna, passam por um período de comichão e sobrevivem. Alguns animais aliviam a comichão coçando-se contra edifícios, árvores ou grandes rochas. “Não é uma coisa agradável de se ter”, disse Martin. “Eles passam por um período miserável de comichão.”
Os peritos em vida selvagem estão a fazer mais investigações para tentar compreender o que está a causar o aumento de casos. A sarna é causada por pequenos ácaros — tão pequenos que só podem ser vistos ao microscópio — que se enterram debaixo da pele e causam comichão. Geralmente, a pele fica com crostas e cai o pêlo.
As autoridades responsáveis têm conhecimento dos casos de sarna sobretudo devido ao grande público — pessoas que enviam fotos que tiraram de ursos que viram a coçarem-se. “Há provavelmente mais do que estes, mas nós simplesmente não os vemos”, disse Martin.
Na Pensilvânia, há três décadas que os especialistas em vida selvagem assistem a casos de sarna entre a população de ursos. Em Maryland e na Virgínia Ocidental, há provas de ursos com sarna nos últimos cinco a dez anos, segundo Martin. Ainda assim, as autoridades da Virgínia disseram não haver provas de que o aumento dos casos de sarna esteja a reduzir a população de ursos em nenhum estado.
Martin disse que é triste ver ursos com o pêlo arrancado, mas tentar tratar um urso selvagem sarnento é difícil. O urso teria de ser capturado e mantido em cativeiro, e não existe realmente um tratamento eficaz para se livrar completamente da sarna dos ursos selvagens.
No Wildlife Center of Virginia em Waynesboro, os ursos-negros com sarna foram tratados numa experiência experimental de dois anos em 2017. Especialistas disseram que, embora o “pêlo voltasse a crescer e tenham sido solucionadas anomalias cutâneas”, uma vez libertados de volta à sua área de origem, a maioria destes ursos foi reinfectada, de acordo com uma declaração do departamento de vida selvagem da Virgínia.
Especialistas aconselham as pessoas a evitarem colocar iscos, comedouros para aves ou caixotes do lixo; embora os ursos sejam geralmente animais solitários, estes elementos atraem não apenas um urso, mas vários. Se eles se reunirem e um tiver sarna, é provável que se espalhe.
Se vir um urso sarnento nos EUA, tire uma fotografia e anote a sua localização - inclua pontos GPS se possível - e envie-o para a linha de ajuda da Virgínia Wildlife Conflict em vawildlifeconflict@usda.gov ou ligue para 855-571-9003.
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post